Publicado em 12 de novembro de 2025 às 16:10
Sete chefes de facção criminosa começaram a ser transferidos nesta quarta-feira (12) para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, o mesmo presídio onde cumpre pena Fernandinho Beira-Mar. Apesar de estarem na mesma unidade, os criminosos não terão contato entre si nem com Beira-Mar, segundo o Ministério da Justiça e a Polícia Penal Federal, responsáveis pela operação.>
O isolamento é uma das principais estratégias do sistema penitenciário federal para impedir a comunicação entre chefes do crime e suas bases fora da prisão. A operação foi coordenada pela Polícia Penal Federal, que se deslocou ao Rio de Janeiro para fazer o transporte dos detentos sob forte esquema de segurança.>
Os sete líderes estavam presos em Bangu 1, no Complexo de Gericinó, e foram levados até a Base Aérea do Galeão, de onde embarcaram para o Paraná. A transferência foi determinada pelo juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), após pedido do Ministério da Justiça e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap-RJ).>
Segundo o magistrado, a medida tem como objetivo preservar a segurança pública e restabelecer o controle sobre o sistema prisional fluminense, que estaria ameaçado pela articulação de facções criminosas de dentro das cadeias. “É dever deste juízo preservar o interesse coletivo sobre o individual, especialmente diante de risco real de reincidência e coordenação de práticas criminosas a partir do cárcere”, escreveu o juiz.>
Os sete detentos são apontados como integrantes da cúpula do Comando Vermelho e responsáveis por manter a comunicação entre as comunidades e a alta liderança do tráfico no Rio. São eles: Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, administrador do fundo financeiro da facção em Resende; Carlos Vinícius Lírio da Silva, o Cabeça do Sabão, de Niterói; Eliezer Miranda Joaquim, o Criam, chefe na Baixada Fluminense; Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho, de Volta Redonda; Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, do Morro Santo Amaro; Alexander de Jesus Carlos, o Choque (ou Coroa), ligado ao Complexo do Alemão; e Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha, também do Alemão.>
A Justiça do Rio ainda avalia a situação de outros três suspeitos apontados pela Polícia Civil: Wagner Teixeira Carlos, Leonardo Farinazzo Pampuri, conhecido como Léo Barrão, e o cabo da Marinha Riam Maurício Tavares Mota, preso em 2023 dentro de um quartel em Niterói. O caso do militar segue em tramitação na Justiça Militar e no juízo de organizações criminosas.>
A decisão de enviar inicialmente todos os chefes para Catanduvas foi estratégica. Fontes do Ministério da Justiça informaram que o governo optou por concentrar a primeira fase da custódia na unidade, antes de redistribuir os detentos entre os demais presídios federais, Brasília (DF), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Campo Grande (MS) conforme o Plano de Rodízio Federal. Essa rotatividade é usada para quebrar vínculos entre criminosos e impedir novas articulações das facções dentro do sistema prisional.>
A transferência ocorre após a Operação Contenção, que deixou 121 mortos no estado, entre eles dois policiais civis e dois militares do Bope. As investigações apontaram que líderes presos continuavam se comunicando com criminosos em liberdade e planejando ataques, o que reforçou a necessidade de um isolamento total das lideranças.>