Novas tecnologias devem reduzir conta de luz, diz Aneel

Com a queda no custo dos medidores inteligentes e novas propostas de tarifa variável, a Aneel busca incentivar o consumo consciente e reduzir gastos com energia elétrica

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 14:58

Com a queda no custo dos medidores inteligentes e novas propostas de tarifa variável, a Aneel busca incentivar o consumo consciente e reduzir gastos com energia elétrica
Com a queda no custo dos medidores inteligentes e novas propostas de tarifa variável, a Aneel busca incentivar o consumo consciente e reduzir gastos com energia elétrica Crédito: Reprodução

O avanço da tecnologia e a redução no preço dos medidores inteligentes estão abrindo caminho para uma nova forma de cobrança na conta de luz. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, essas mudanças devem permitir que consumidores economizem e usem a energia de maneira mais racional.

A Aneel estuda um novo modelo em que o valor da tarifa varia conforme o horário de consumo. A proposta, apresentada recentemente pela área técnica da agência, pretende dar ao consumidor um “sinal de preço”, mostrando quanto custa a energia em cada momento do dia. O objetivo é incentivar o uso fora dos horários de pico, quando a demanda é maior e o sistema elétrico sofre mais pressão.

Feitosa reconhece que o modelo atual de tarifa para baixa tensão é ineficiente, mas explica que, até pouco tempo atrás, não havia recursos tecnológicos para modernizá-lo sem elevar os custos. “Tínhamos que conviver com essa tarifa porque não existia inovação suficiente para uma migração eficiente, sem pressionar a conta de luz do consumidor final”, afirmou.

Segundo o diretor, a combinação de tecnologias digitais mais baratas, a interconectividade crescente e a maior consciência sobre o consumo de energia criam um cenário favorável para essa transformação. “A inovação tecnológica, o barateamento dos medidores e a digitalização da sociedade formam o ambiente ideal para que possamos responder à nova realidade do setor elétrico”, destacou Feitosa.

Ele lembrou que o sistema brasileiro sempre foi baseado na matriz hidrotérmica com forte presença das hidrelétricas e apoio das termelétricas em horários de maior consumo. Hoje, no entanto, a geração é mais variável, com maior participação de fontes como a solar e a eólica. “Precisamos lidar com essa variabilidade também na carga. A forma mais adequada é com um sinal de preço, que oriente o consumo”, explicou.

Na prática, o novo modelo quer ensinar o consumidor a identificar a “hora certa” para usar energia. Atualmente, a tarifa é única durante todo o dia, o que faz com que quem consome em horários de pico pague o mesmo valor de quem usa a energia nos períodos de menor demanda. Com a mudança, quem concentrar o uso em horários mais baratos poderá ver a conta de luz diminuir ao longo do tempo.

A Aneel reconhece, contudo, que o processo de adaptação será gradual, já que hábitos de consumo não mudam da noite para o dia. A proposta inicial prevê que o novo sistema comece a valer em 2026 para consumidores que utilizam mais de 1.000 kWh por mês, um grupo que inclui grandes residências e estabelecimentos comerciais. Essa fase inicial abrangeria cerca de 2,5 milhões de unidades, responsáveis por 25% do consumo de baixa tensão no país.

A segunda etapa, prevista para 2027, incluiria quem consome mais de 600 kWh mensais, ampliando o alcance da medida para outros 2,5 milhões de consumidores.

Por enquanto, o projeto ainda está em fase de estudo. A proposta será submetida à consulta pública e, depois, precisará ser aprovada pela diretoria da Aneel antes de entrar em vigor. Durante o debate, também deve ser avaliada a possibilidade de o consumidor retornar ao modelo tradicional após um período de adaptação.

Segundo Feitosa, a modernização do sistema é um passo essencial para tornar o consumo de energia mais eficiente e justo. “Estamos diante de uma oportunidade de equilibrar economia, tecnologia e sustentabilidade, com benefícios diretos para o consumidor e para o país”, afirmou.