Exposição transforma galeria em festa lúdica e celebra infância, memória e ancestralidade

Mostra premiada do Branco de Melo 2025 propõe experiências interativas, oficinas e contações de histórias para redescobrir o brincar por meio da arte em Belém

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 14:17

Exposição transforma galeria em festa lúdica e celebra infância, memória e ancestralidade
Exposição transforma galeria em festa lúdica e celebra infância, memória e ancestralidade Crédito: Divulgação

A Galeria Benedito Nunes, em Belém, abre as portas no dia 11 de dezembro para a primeira exposição individual da jovem artista visual goiana Evelyn Cruvinel, vencedora do Prêmio Branco de Melo 2025 da Fundação Cultural do Pará (FCP). Intitulada “Mãos cintilantes, brincadeiras etéreas”, a mostra permanece em cartaz até 23 de janeiro de 2026, com entrada gratuita, oferecendo ao público uma experiência que mistura arte, memória, celebração e participação coletiva.

Com curadoria da paraense Ceci Bandeira, a exposição reinventa o espaço expositivo e o transforma em uma espécie de festa infantil permanente. Bolos, brinquedos, oficinas, doces e contações de histórias convivem com instalações, pinturas e objetos, convidando visitantes de todas as idades a redescobrir o brincar como gesto criativo, político e cultural.

A mostra reúne 21 obras, entre elas uma instalação interativa e um painel que será continuamente atualizado pela artista e pelo público ao longo do período. Para Ceci Bandeira, a proposta destaca o protagonismo das crianças e discute o brincar como linguagem artística e social. “Nada mais justo que refletir sobre as pequenas mãos de crianças no seu exercício de brincar”, afirma.

Entre os destaques está a série “Cantos de Fadas”, inspirada nas lembranças afetivas da infância de Evelyn, marcadas por casinhas, altares com brinquedos, tecidos e bordados. A artista defende que sua produção nasce da coletividade: “Cada obra carrega em si muitas mãos, histórias e energias”. A ideia de partilha aparece também na concepção da exposição: criar arte é, aqui, uma brincadeira compartilhada.

Participação, acessibilidade e acolhimento

A abertura da mostra será ambientada como um aniversário, com doces e elementos festivos. A exposição também conta com recursos de acessibilidade — braile, audiodescrição e linguagem simples — ampliando o acesso e reforçando sua intenção educativa e inclusiva.

Infância como território ritual

A pesquisa de Evelyn Cruvinel se apoia em memórias familiares e espirituais. Filha de uma decoradora de festas, a artista revisita ritos sociais, como aniversários, e os relaciona à espiritualidade afro-brasileira dos erês. Para ela, ocupar a galeria como espaço festivo é um gesto de resistência: uma reinvenção de rituais apagados pelo tempo.

A curadora ressalta ainda a dimensão ancestral da mostra e associa o projeto a ideias do filósofo indígena Ailton Krenak, ao defender que a exposição estimula o contato com terra, tempo e imaginação — valores essenciais ao aprender e brincar.

Programação educativa

A partir do segundo dia de funcionamento, o público terá acesso a rodas de conversa e visitas guiadas com a artista e a curadora. Entre as atividades, destacam-se a oficina “Manto de Ninar” (16/12), voltada a crianças de 4 a 12 anos, e “Manto de Acalantos” (17/12), destinada a jovens e adultos, ambas conduzidas por Evelyn.

O calendário inclui ainda contações de histórias com a artista Otânia Freire (tia Oti), nos dias 8, 15 e 22 de janeiro de 2026, integrando literatura, oralidade e ludicidade ao espaço museal.

A artista

Aos 23 anos, Evelyn Cruvinel vive em Goiânia e já integrou projetos importantes, como a 36ª Bienal de São Paulo e a feira FARGO, no estande da Rumos. Sua prática artística parte da infância como território ritualístico e pedagógico, entendendo o brincar como força espiritual, gesto político e resistência ao apagamento colonial.

Serviço

Exposição “Mãos cintilantes, brincadeiras etéreas”

Galeria Benedito Nunes – Fundação Cultural do Pará

11 de dezembro de 2025 a 23 de janeiro de 2026

Segunda a sexta, das 9h às 17h

Entrada gratuita