Cartazes com tinta de cinzas marcam preparação para a Marcha pelo Clima neste sábado; saiba mais

A Marcha Mundial pelo Clima, será neste sábado (15), com concentração às 8h30 no Mercado de São Brás.

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 19:16

A Praça da República, em Belém, virou ponto de encontro entre artistas, ativistas e moradores na preparação para a Marcha Mundial pelo Clima
A Praça da República, em Belém, virou ponto de encontro entre artistas, ativistas e moradores na preparação para a Marcha Mundial pelo Clima Crédito: Ana Cássia Sousa/ Roma News

A Praça da República, em Belém, virou ponto de encontro entre artistas, ativistas e moradores na preparação para a Marcha Mundial pelo Clima, marcada para sábado (15), com concentração às 8h30 no Mercado de São Brás. No local, a Central da COP, iniciativa do Observatório do Clima, promoveu uma oficina de cartazes aberta ao público, com direito a tinta feita a partir de cinzas de áreas queimadas da Amazônia.

Traduzir a COP para quem vive Belém

Isvilaine Silva, assessora de mobilização e engajamento do Observatório do Clima, explica que a Central da COP nasceu para aproximar a conferência da população local.

Carioca, em Belém pela oitava vez, Isvilaine diz que a iniciativa surgiu da necessidade de tornar o debate climático mais acessível, especialmente porque grande parte da COP acontece na Zona Azul, espaço restrito.

“Desde o começo, a gente entendeu que precisava estar cara a cara com a população de Belém. A COP acontece em um espaço que não é aberto para todo mundo, então queremos ouvir as necessidades das pessoas e mostrar que esse tema, que muitas vezes é tratado como difícil, não é. Nosso papel é traduzir a COP para o cotidiano da cidade”, afirma.

A oficina de cartazes, segundo ela, também é uma forma de incentivar a participação popular na marcha. “A Marcha é um espaço para levar nossas lutas e mostrar aos governantes e negociadores o que queremos dizer”, completa.

Cinzas da floresta viram tinta

A atividade foi conduzida pelo artista e ativista paulistano Mundano, que frequenta Belém desde 2011 e acompanha as conferências climáticas desde a COP20. Ele celebrou o fato de estar na Amazônia em um momento histórico.

“É um privilégio o evento estar acontecendo no nosso país, na Amazônia, em Belém. O povo recebe a gente com muita cultura e alegria”, disse.

Mundano destacou outro aspecto simbólico da oficina: os cartazes foram pintados com tinta feita de cinzas de áreas queimadas da floresta.

“As florestas que viraram cinza viram também pigmento, uma forma de resgatar esse material para transformar em arte e mensagem. Estar aqui, no meio da Praça da República, preparando uma marcha pacífica e podendo nos expressar livremente, é uma alegria enorme”, afirmou.

A visão de uma criança de 9 anos

Entre os participantes estava José Camilo, de 9 anos, que compareceu com a mãe. Apaixonado por meio ambiente, ele produziu um cartaz com dois lados: de um, o rosto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; do outro, uma floresta em chamas.

Para José, Trump “é um governante irresponsável por não ligar para o meio ambiente e usar suas empresas para poluir ainda mais”. Ao comentar a tinta de cinzas, foi direto:

“A tinta feita de cinzas é legal porque é uma forma diferente de fazer arte, mas é triste, porque se tem cinzas é porque tem desmatamento.”

“A tinta feita de cinzas é legal porque é uma forma diferente de fazer arte, mas é triste, porque se tem cinzas é porque tem desmatamento.”
“A tinta feita de cinzas é legal porque é uma forma diferente de fazer arte, mas é triste, porque se tem cinzas é porque tem desmatamento.” Crédito: Ana Cássia Sousa

Marcha deve reunir diversos grupos

A Marcha Mundial pelo Clima vai unir coletivos da Cúpula dos Povos, COP das Baixadas, lideranças indígenas, amazônicas, comunitárias, organizações nacionais e internacionais, além de representantes do poder público e da iniciativa privada.

A expectativa é de que o ato reúna uma grande diversidade de vozes, todas com a mesma intenção: cobrar mais ambição climática e justiça ambiental em um dos momentos mais importantes da COP30.