Publicado em 11 de novembro de 2025 às 17:54
Com a participação de povos indígenas, afrodescendentes, comunidades tradicionais e agricultores familiares, a COP30 já é a COP mais diversa de toda a história das COPs, comemorou a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, ao participar na noite de segunda-feira, 10, de um evento voltado a parceiros, promovido pela Fase Solidariedade e Educação em Belém. Cerca de 3000 indígenas estão participando da Conferência da ONU, marcando a conferência da Amazônia como a de maior participação indígena de toda a história.>
Entre os indígenas participantes, cerca de 400 receberam treinamento para interagir em debates na zona azul, no Parque da Cidade; outros 1000 vão estar em palestras e painéis na zona verde e outros 1.500 participarão da Cúpula dos Povos. A ministra disse que se sente orgulhosa de ter contribuído para essa participação e convidou a todos para visitar o Círculo dos Povos, espaço indígena instalado na zona verde da COP. “Em 29 Cops nunca tivemos o tema das florestas e territórios tão em evidência como nesta COP30”, disse.>
“Agora estamos discutindo como será a transferência de recursos para os territórios”, destacou a ministra. Referindo-se ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposto pelo Brasil na reunião de líderes, Sônia Guajajara disse que ele tem um diferencial em relação aos anteriores, que é a participação indígena e de comunidades tradicionais. De todos os recursos de financiamento climático, constatou-se que somente 1% chegam aos territórios e isso deve mudar com a criação do TFFF, que prevê a aplicação de 20% de todos os recursos arrecadados diretamente para povos indígenas e comunidades locais, explicou Sônia.>
CARTA>
A noite de recepção aos parceiros foi aberta pela diretora executiva da Fase, Letícia Tura, que destacou que, apesar de todas as contradições dessa COP, as organizações da sociedade civil ficam com sentimento de ser visibilizados. “Isso pro nortista é muito importante. Ser enxergado pelo próprio Brasil e pelo mundo”.>
Durante a abertura do evento dos parceiros, Letícia Tura anunciou que ontem foi o lançamento da Carta de Compromisso da Fase, apontando que a solução vem dos territórios. “E a gente fica torcendo pra que isso possa avançar, porque estamos já com 30 anos de COP e não estamos vendo saírem soluções reais e efetivas”, disse. A Carta está disponível no site da Fase oficial e redes sociais da ONG.>
Outro diretor da Fase que também se pronunciou no evento foi Evanildo Barbosa. Ele disse ver evidências de que estamos entrando em um novo momento do pensamento crítico no Brasil, com os diversos segmentos fazendo debates interconectados. “Populações indígenas, povos tradicionais, populações urbanas, organizações feministas, tudo aponta para uma renovação do pensamento crítico. E isso é muito bom”, comemorou.>
A coordenadora Executiva da Fase Amazônia, Sara Pereira, deu boas vindas aos parceiros destacando a participação da ONG na organização da Cúpula dos Povos. Serão mais de 1000 organizações de diversas partes do mundo neste ano na Cúpula dos Povos. “Temos compromisso com uma construção coletiva, e coletivo é conviver com quem pensa diferente, buscando no diálogo o que nos aproxima”, disse.>
Para Sara Pereira é importante que os líderes mundiais se permitam conhecer a Amazônia. “Perceber que comida tem valor cultural, entender que as águas não são só alegoria, mas são tudo para os povos Amazônidas, e que a floresta só está de pé porque ela foi manejada por alguém que vive ali”.>