Leilão fomenta projetos de bioeconomia e turismo sustentável com foco na Amazônia

Programa já mobilizou mais de R$ 75 bilhões em investimentos para atividades sustentáveis por meio de instrumentos financeiros inovadores.

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 17:54

Iniciativa cria ambiente econômico capaz de competir com atividades historicamente associadas à pressão ambiental.
Iniciativa cria ambiente econômico capaz de competir com atividades historicamente associadas à pressão ambiental. Crédito: Ricardo Stuckert/PR

O governo do Brasil anunciou, nesta sexta-feira, 14/11, o lançamento do 4º Leilão do Eco Invest Brasil: Bioeconomia e Turismo Sustentável com foco na Amazônia, durante a COP30. O programa, liderado pelos Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), já mobilizou mais de R$ 75 bilhões em investimentos para atividades sustentáveis por meio de instrumentos financeiros inovadores. 

Apesar da abrangência nacional, esta edição concentra seus esforços na Amazônia Legal, com o objetivo de impulsionar cadeias produtivas baseadas na floresta em pé e fortalecer setores capazes de gerar renda, inclusão e valor agregado no território.

O novo leilão abrange projetos de bioeconomia, incluindo cadeias da sociobioeconomia, bioindústria e restauração ecológica e produtiva; iniciativas de turismo ecológico sustentável, estimulando a atração de visitantes internacionais; e infraestrutura, restrita à Amazônia Legal, essencial para apoiar o desenvolvimento dessas cadeias, como energia renovável descentralizada, conectividade digital, transporte de passageiros e soluções logísticas para o escoamento de produtos da bioeconomia.

O desenho do leilão busca desenvolver mercados regionais e integrar comunidades, empreendedores, cooperativas, empresas-âncora e instituições financeiras, criando ambientes econômicos capazes de competir com atividades historicamente associadas à pressão ambiental.

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que enviou mensagem por vídeo para o evento, destacou o caráter econômico da iniciativa. “O Eco Invest já movimentou mais de R$ 70 bilhões, provando que dá para desenvolver a economia real de forma moderna e sustentável. Esta nova edição, focada na Amazônia, mostra que a floresta em pé gera mais valor e mais oportunidades do que a devastação, impulsionando tecnologias e cadeias produtivas adequadas à região”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou a relevância da iniciativa para o desenvolvimento sustentável do país. “Por meio deste novo leilão, o governo brasileiro contribui para um novo ciclo de prosperidade na Amazônia com uma economia que fortalece as cadeias da sociobiodiversidade e do turismo sustentável, criando oportunidades que gerem renda, inclusão e conservação da floresta”, pontuou.

Funcionamento e inovações

Para viabilizar esses novos mercados, o leilão adota o modelo de blended finance, no qual o Tesouro Nacional empresta recursos às instituições financeiras a 1% ao ano, exigindo que sejam mobilizados pelo menos quatro vezes esse valor em capital privado, com participação mínima de 60% de investidores estrangeiros.

Os recursos poderão ser repassados por meio de crédito direto ou via fundos, sempre combinados a instrumentos destinados a reduzir o risco para os financiadores. Esta edição introduz ainda uma inovação no desenho financeiro: um incentivo adicional equivalente a 20% do total alavancado, criado para ampliar a capacidade das instituições financeiras de mitigar riscos e acelerar a maturação das cadeias produtivas apoiadas.

Lançando como destaque na COP30, no momento em que o Brasil ocupa posição central nas negociações climáticas globais, o Eco Invest Brasil tem atraído o interesse de investidores internacionais e organismos multilaterais. O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, avalia que a nova rodada marca a consolidação da estrutura planejada desde o início do programa. “O Eco Invest Brasil completa a sua arquitetura que definimos desde o início: financiamento misto, provisão de liquidez, apoio à preparação de projetos e instrumentos de hedge cambial. Agora, o modelo chega com todo seu potencial à Amazônia – mobilizando capital para bioeconomia, infraestrutura sustentável habilitante e turismo ecológico, com escala, integridade e alinhamento às prioridades do Brasil”.

A Enviada Especial para o Clima do Reino Unido, Rachel Kyte, reforçou a importância internacional da iniciativa. “O Brasil está mostrando como converter patrimônio natural em prosperidade sustentável. O Eco Invest reduz riscos, amplia mercados e demonstra liderança global na agenda climática”.

Toda a documentação e informações relativas ao leilão serão disponibilizadas no site do Programa Eco Invest Brasil nos próximos dias. As instituições financeiras interessadas terão prazo no início de 2026 para a apresentação de propostas.