Publicado em 14 de novembro de 2025 às 14:28
O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, conversou com a reportagem nesta sexta-feira (14) e fez um balanço sobre a primeira semana da COP30, em Belém. Ele comentou o andamento das negociações, ressaltou a importância do financiamento climático para obras estruturantes nas cidades e também avaliou os protestos ocorridos durante o evento, incluindo a ocupação conturbada registrada no dia 11 por manifestantes indígenas.>
Na última terça-feira (11), uma confusão na área de credenciamento da COP30 deixou dois seguranças feridos. O tumulto começou após parte de um grupo que participava da Marcha Global Saúde e Clima tentar entrar na Zona Azul, área controlada pela ONU durante a conferência. Já na manhã desta sexta (14), um novo ato ocorreu de forma pacífica.>
Ao avaliar a primeira semana de debates, o ministro destacou que as discussões têm avançado em torno de temas considerados estratégicos pelo governo brasileiro, especialmente o acesso a recursos de fundos climáticos para obras nas cidades. “Temos dialogado para fortalecer temas importantes. O primeiro é o financiamento para que os fundos climáticos possam ajudar municípios do Brasil e do mundo, especialmente os países em desenvolvimento, na construção de infraestruturas fundamentais”, afirmou.>
Jader citou obras de mobilidade urbana, habitação de interesse social, abastecimento de água, esgotamento sanitário e macrodrenagem como prioridades. “A maioria do povo brasileiro, 87%, vive nas cidades. Na Amazônia, mais de 80% das pessoas vivem em áreas urbanas. É lá que a infraestrutura precisa chegar. Para isso, precisamos de financiamento, precisamos de recursos. E quem deve pagar a maior parte disso são as economias ricas, responsáveis pela maior parte da poluição no planeta”, disse.>
O ministro lembrou que o governo já destinou R$ 60 bilhões em investimentos para estados e municípios por meio do PAC, mas reforçou que “é necessário mais”.>
Outro ponto destacado foi a necessidade de incluir lideranças locais na construção das políticas climáticas globais.“Se queremos que a implementação aconteça, ela ocorre nas cidades. É lá que moram as pessoas. É lá que precisamos reduzir emissões, tratar esgoto, mudar a frota de veículos. E como fazer isso sem ouvir prefeitos, vereadores, governadores, líderes comunitários?”, questionou.>
Segundo ele, uma mensagem será levada ao presidente da COP juntamente com governadores, incluindo o governador Helder Barbalho, reforçando o pedido para que lideranças locais tenham maior protagonismo nas próximas conferências.>
Ministro condena violência em protesto na COP: “Isso não é manifestação, é vandalismo”>
Ao comentar os bastidores da repercussão dos atos desta semana, Jader Barbalho Filho diferenciou os protestos pacíficos do episódio violento que ocorreu na terça-feira. “As pessoas têm o direito de protestar, como fizeram hoje, de forma pacífica. Agora, o que aconteceu no episódio anterior é inaceitável. Agressão não é protesto, é vandalismo”, afirmou.>
O ministro mencionou que viu imagens de um segurança ferido no rosto durante o tumulto. “Vi um rapaz da segurança com o rosto cheio de sangue. Isso não é manifestação, isso é violência, e não leva ninguém a lugar nenhum. A COP precisa ser um espaço de diálogo.”>
Ele reforçou que o espírito da conferência deve ser o de ouvir todos os grupos, indígenas, quilombolas, lideranças comunitárias e demais representantes sociais. “Precisamos dar voz e liberdade para que as pessoas se expressem, mas sempre de maneira pacífica e urbana. O protesto de hoje foi um exemplo disso, e eu parabenizo.”>