Publicado em 27 de agosto de 2025 às 19:40
A gravidez traz não apenas transformações físicas e emocionais, mas também uma série de dúvidas sobre direitos legais, trabalho, alimentação e saúde da mãe e do bebê. Um levantamento recente encomendado pela Pfizer ao Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), por exemplo, mostrou que aproximadamente 40% das gestantes desconheciam a existência de um calendário de vacinação específico para mulheres grávidas. >
Além disso, seis em cada dez acreditavam que os imunizantes beneficiam apenas a mãe, sem considerar a proteção que também é transmitida ao bebê. Essas informações reforçam a importância de orientação profissional, acesso a direitos legais e cuidados médicos adequados, garantindo que a gestação seja segura e saudável tanto para a mãe quanto para o bebê. >
De acordo com Laurence Pereira, diretor jurídico do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, a gestante pode receber pensão alimentícia , mas esse valor não deve ser confundido com benefícios previdenciários. O advogado lembra ainda que a legislação prevê os alimentos gravídicos, regulamentados pela Lei nº 11.804/2008. >
“São os valores pagos pelo pai do nascituro, que devem ser suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive os referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico”, explica. >
No ambiente profissional, a lei também assegura proteção. A gestante tem direito à estabilidade provisória, que vai da confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Nesse período, não pode ser demitida sem justa causa. Além disso, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante: >
“A proteção à maternidade busca proteger a mãe e o nascituro, independentemente do estado civil da gestante”, reforça Laurence Pereira. >
Se no campo jurídico a proteção é clara, na saúde os cuidados precisam começar cedo. André Pellegrin, médico da área de ginecologia e obstetrícia do AmorSaúde, reforça que o pré-natal deve ser iniciado assim que a mulher descobre a gravidez , pois é nesse acompanhamento que são detectadas condições que podem comprometer tanto a gestante quanto o bebê. >
“O pré-natal não é apenas um protocolo, mas um instrumento fundamental de prevenção. É nele que conseguimos identificar fatores de risco, orientar sobre alimentação adequada, acompanhar o ganho de peso e intervir rapidamente caso surjam complicações. Quanto mais cedo a gestante inicia esse processo, maiores são as chances de uma gestação saudável”, explica André Pellegrin. >
Entre os exames essenciais listados pelo médico, estão hemograma, glicemia, tipagem sanguínea, testes para HIV, rubéola, toxoplasmose, hepatite B e C, além da ultrassonografia obstétrica. O calendário também exige regularidade: consultas mensais até a 32ª semana, quinzenais até a 36ª e semanais a partir daí. >
Durante a gravidez, algumas vacinas são recomendadas para proteger a mãe e o bebê. Entre elas, estão: >
Além disso, vacinas de rotina já previstas no calendário nacional podem ser avaliadas pelo profissional de saúde, garantindo proteção contra doenças graves e transmissão de anticorpos para o bebê. “Seguir o calendário vacinal é um cuidado essencial e seguro, capaz de prevenir complicações tanto para a gestante quanto para o recém-nascido”, afirma André Pellegrin. >
André Pellegrin reforça ainda que cada detalhe da rotina pode influenciar no bem-estar da gestante. Até mesmo a posição ao dormir merece atenção. “A recomendação é que a grávida dê preferência ao decúbito lateral esquerdo. Ao se deitar de barriga para cima ou para o lado direito, existe o risco de compressão da veia cava inferior, o que pode reduzir o retorno venoso e provocar mal-estar. Esse cuidado simples ajuda a garantir maior conforto e segurança durante o sono”, detalha. >
A gestação é um período em que muitas dúvidas podem surgir e circulam muitas informações contraditórias, algumas têm respaldo científico, outras não passam de crenças populares. O médico André Pellegrin esclarece o que é mito, o que é verdade e por quê. Confira! >
Verdade. Uma dieta balanceada garante os nutrientes necessários ao desenvolvimento fetal. “A alimentação da gestante deve ser saudável, rica em proteínas, vitaminas e minerais. Deficiências nutricionais nesse período podem impactar diretamente no crescimento do bebê e até aumentar o risco de complicações durante a gestação”, explica o ginecologista e obstetra. >
Verdade. O exercício regular ajuda a controlar o ganho de peso, melhora a circulação e contribui para o bem-estar emocional. “ Atividades sem impacto , como hidroginástica, natação ou musculação leve, são seguras e altamente recomendadas. O importante é ter acompanhamento profissional e respeitar os limites do corpo”, orienta André Pellegrin. >
Verdade. O excesso de peso pode trazer riscos como diabetes gestacional, hipertensão e parto prematuro. “O ideal é que a gestante ganhe até 11 quilos em toda a gravidez. Esse controle evita sobrecarga para a mãe e reduz complicações para o bebê”, destaca o especialista. >
Verdade. Segundo o profissional, a automedicação é uma prática ainda mais perigosa nesse período. “Alguns medicamentos têm efeito teratogênico, ou seja, interferem na formação do feto. Isso vale para determinados antibióticos e outras substâncias. Por isso, qualquer tratamento deve ser prescrito pelo médico, que saberá indicar alternativas seguras”, ressalta. >
Mito. André Pellegrin alerta que a ideia de dobrar a quantidade de comida não tem fundamento científico. “O que a gestante precisa é de qualidade nutricional, não de quantidade em excesso. Comer por dois favorece o ganho de peso exagerado, que pode prejudicar a saúde materna e fetal”, explica. >
Mito. Gestantes podem pintar o cabelo. O aconselhamento médico é para que esperem até o segundo trimestre da gravidez e optem por tinturas sem amônia, metais pesados e outros produtos químicos potencialmente prejudiciais. >
Mito. O sexo só pode ser confirmado por exames de imagem ou laboratoriais. “A forma da barriga depende de fatores anatômicos da mãe, como a tonicidade da musculatura abdominal, e não tem relação com o sexo do bebê”, esclarece André Pellegrin. >
Mito. O sintoma é comum, mas não universal. “O enjoo depende da resposta hormonal de cada organismo. Algumas mulheres não apresentam sintomas, enquanto outras podem desenvolver quadros graves, como a hiperêmese gravídica, que exige tratamento específico”, explica o ginecologista e obstetra. >
Mito. Apesar de dúvidas ainda circularem, não há qualquer evidência científica de que os imunizantes provoquem autismo ou alterações genéticas no feto. “As vacinas recomendadas durante a gestação são seguras e essenciais tanto para proteger a mãe quanto o bebê contra doenças graves”, explica o especialista. >
Verdade. O calendário de imunização na gravidez garante que o bebê receba anticorpos mesmo antes do nascimento. “Quando a gestante se imuniza corretamente, ela transfere proteção ao bebê , prevenindo doenças que podem ser graves nos primeiros meses de vida. A orientação médica é fundamental para que todas as vacinas recomendadas sejam aplicadas”, conclui André Pellegrin. >
Por Nayara Campos >