Publicado em 13 de agosto de 2025 às 15:40
Tiques involuntários, que podem se manifestar por meio de movimentos (motores) ou palavras e sons (fônicos), são os principais sintomas apresentados por pacientes diagnosticados com a Síndrome de Tourette (ST). Esta, por sua vez, tem 150 mil novos casos diagnosticados por ano, segundo levantamento do Hospital Israelita Albert Einstein. >
Apesar de ser uma condição neurológica que exige empatia e compreensão, a ST ainda é cercada por preconceitos. No entanto, a visibilidade e a aceitação vêm crescendo, especialmente após artistas como a cantora norte-americana Billie Eilish e o cantor britânico Lewis Capaldi revelarem que convivem com a síndrome. >
Para a neuropsicóloga Martha Valeria Medina Rivera, da NeuronUP, multinacional espanhola de neurorreabilitação cognitiva, é essencial que os sintomas da síndrome e a vivência do paciente sejam normalizados. >
“Promover a autoaceitação é diminuir a culpa e reforçar uma imagem positiva, que não se resuma ao transtorno. Aceitar-se não significa se resignar, mas sim aprender a conviver com dignidade. E isso só é possível quando as mensagens de apoio vêm acompanhadas de validação emocional constante, reconhecendo seus esforços e dificuldades com sensibilidade e respeito”, comenta. >
Martha Valeria Medina Rivera ressalta a importância de utilizar ferramentas eficazes para a intervenção neuropsicológica, que ajudam a controlar os sintomas da doença. “Ferramentas específicas ajudam no tratamento, pois permitem trabalhar as funções cognitivas de forma estruturada e personalizada, adaptando o tratamento às necessidades de cada paciente e registrando seu progresso”, afirma. >
A seguir, confira 7 maneiras de apoiar uma pessoa com síndrome de Tourette! >
A primeira e mais importante atitude é simples: não reaja aos movimentos involuntários. “Encará-los, comentar ou rir pode aumentar a ansiedade da pessoa, intensificando ainda mais os movimentos. Tratar a situação com naturalidade cria um ambiente seguro, reduz o estresse social e fortalece a autoestima. Lembre-se: tiques são involuntários — não merecem ser corrigidos ou repreendidos”, comenta Martha Valeria Medina Rivera. >
É muito comum que as pessoas confundam tiques com má-educação ou comportamento inadequado, especialmente em ambientes escolares. “Educar colegas, professores e familiares sobre a síndrome é fundamental”, afirma a especialista. Segundo ela, explicar que os movimentos são involuntários e não sinal de desrespeito ajuda a evitar punições injustas, exclusão e bullying. O conhecimento tende a reduzir o preconceito e promove empatia. >
Pacientes com Tourette podem se sentir constantemente observados, o que gera ansiedade e retroalimenta os tiques. Estar disponível, escutar com empatia e validar os sentimentos da pessoa é essencial. Um ambiente acolhedor, com relações respeitosas e sem julgamentos, reduz o impacto emocional dos sintomas e previne o isolamento social. >
É crucial que, antes de demonstrar apoio, pergunte para a pessoa com a síndrome se pode oferecer contato físico. Um abraço ou gesto afetuoso só é bem-vindo se houver consentimento. “Pequenos gestos, como um toque leve no braço ou um olhar compreensivo, podem transmitir apoio sem invadir o espaço pessoal. A presença silenciosa e respeitosa pode ser mais poderosa do que palavras”, comenta a neuropsicóloga Martha Valeria Medina Rivera. >
Nem todo mundo com Tourette gosta de falar sobre os tiques. O ideal é perguntar diretamente, com respeito e sensibilidade, se a pessoa se sente confortável em conversar sobre isso. Se sim, escute sem interrupções e sem pressa. Se não, respeite. A chave está na empatia: forçar uma conversa pode aumentar o desconforto. >
Conforme explica a especialista, “ambientes como festas ou salas lotadas podem intensificar os tiques em pessoas com síndrome de Tourette, devido ao estresse gerado. Por isso, é importante que o paciente e as pessoas próximas conheçam técnicas como respiração profunda, meditação , mindfulness , ioga ou até mesmo caminhar ajudam a acalmar e liberar a tensão”. >
Estímulos sensoriais (música, aromas, objetos táteis) e visualizações positivas (“estou bem”, “vai passar”) também reforçam o bem-estar. Segundo a especialista, essas práticas podem ser feitas antes ou durante situações desafiadoras, com ou sem apoio de alguém próximo. >
Martha Valeria Medina Rivera enfatiza que, para melhorar a qualidade de vida de uma pessoa com síndrome de Tourette, é fundamental receber apoio e tratamento multidisciplinares. Esses perfis costumam apresentar dificuldades cognitivas, e a estimulação por meio de atividades pode contribuir para melhorar o desempenho e a funcionalidade no dia a dia. >
Por Patrícia Martins Buzaid >