Publicado em 26 de agosto de 2025 às 11:36
Durante a amamentação, o que a mãe coloca no prato influencia não só a sua própria saúde, mas também a qualidade do leite oferecido ao bebê. E, na região amazônica, alguns alimentos típicos ganham protagonismo nessa fase.>
Segundo Bruna D’Ávila, professora do curso de pós-graduação em Nutrologia da Afya Educação Médica, de Belém, opções como o açaí, a banana pacovã (banana-da-terra) e a castanha-do-pará podem enriquecer o leite materno com antioxidantes, gorduras boas, vitaminas e minerais essenciais para nutrir o bebê.>
“O açaí tem uma gama de antioxidantes, alguns peixes da região são ricos em ômega e a banana pacovã é tradicionalmente usada em mingaus, para fortalecer a mãe e até aumentar a produção de leite. Já a castanha-do-pará é fonte de selênio, zinco e outros nutrientes importantes”, explica a nutróloga da Afya, que faz parte, desde 2015, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.>
Bruna D’Ávila destaca que, embora a quantidade de leite dependa mais da sucção e da frequência das mamadas, a qualidade nutricional está diretamente ligada ao que a mãe come e bebe.>
Mas nem todo alimento típico é inofensivo, ela alerta. O tucupi — líquido extraído da mandioca —, por exemplo, é muito ácido e pode provocar irritação intestinal no bebê. O mesmo vale para frutas como o cupuaçu, cujo sabor ácido e preparo comum com açúcar, leite condensado ou chocolate, pode gerar desconfortos.>
“Algumas mães se dão bem com determinados alimentos, outras não. É muito individual. Por isso, é importante observar a reação do bebê e manter o equilíbrio na dieta”, orienta.>
Alimento completo - O leite materno é considerado o alimento mais completo para os primeiros seis meses de vida, sem necessidade de complementos — nem mesmo água. “Além de nutrir, ele fortalece a imunidade e reduz o risco de obesidade e doenças metabólicas no futuro”, esclarece.>
Para a mãe, a amamentação traz benefícios como recuperação mais rápida no pós-parto, auxílio no controle de peso e redução do risco de alguns tipos de câncer, como o de mama, relaciona a especialista da Afya.>
A nutróloga ressalta que o início da amamentação, especialmente para as mães de primeira viagem, pode ser difícil ou desconfortável, principalmente por conta de dor ou fissuras mamilares, que algumas vezes ocorrem causadas por pega incorreta ou falta de preparo. Mas ela diz que isso não deve ser motivo de desânimo e, se persistir, orienta a buscar apoio profissional.>
Mãe de três filhos, ela fala por experiência própria: “O desconforto é só no início. Depois passa. E esse é um dos períodos mais lindos da maternidade”, frisa.>
Outro desafio frequente que a nutróloga cita é o retorno precoce ao trabalho, que exige organização para manter a ordenha, armazenar corretamente o leite e garantir a introdução alimentar no momento certo.>
A educação alimentar, segundo Bruna D’Ávila, deve começar ainda na gestação e seguir pelo menos até os dois primeiros anos da criança — período que ela chama de “meses de ouro”. “Ao compreender a importância da alimentação saudável, a mãe carrega esse conhecimento para toda a vida dela e da criança. Quando não é possível manter uma dieta equilibrada apenas com alimentos, suplementos de qualidade podem ajudar”, afirma.>