Publicado em 8 de maio de 2025 às 16:14
O Transtorno de Ansiedade Social (TAS), conhecido popularmente como fobia social, é uma condição caracterizada pela ansiedade excessiva e persistente em situações sociais ou que exigem a demonstração de algum tipo de capacidade. “Chega a ser um sofrimento muito mais intenso do que a timidez, que é uma característica da personalidade”, explica o psiquiatra Dr. Gustavo Yamin Fernandes, coordenador da equipe de psiquiatria do Hospital Samaritano Higienópolis, Rede Américas. >
De acordo com o último levantamento do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em 2019, 26 milhões de brasileiros apresentavam fobia social. Contudo, um artigo da Universidade Federal de Santa Maria, intitulado “Terapia Cognitivo-Comportamental da Fobia Social”, aponta que esse número pode ter aumentado no período pós-pandemia da COVID-19. >
A fobia social não apresenta uma causa específica. Na verdade, ela é considerada multifatorial, podendo estar relacionada a fatores genéticos, ambientais e psicológicos. A psicóloga e neuropsicóloga Paula Orio Carlini explica que os fatores genéticos geralmente incluem hereditariedade e alterações na estrutura cerebral. >
Em relação às causas ambientais, elas podem estar relacionadas a experiências negativas, como bullying e rejeição social. As razões psicológicas, por sua vez, podem estar ligadas a um comportamento mais tímido do paciente, assim como suas crenças distorcidas sobre si. >
Os sintomas da fobia social podem variar dependendo do contexto e da pessoa. Contudo, segundo a psicóloga Ana Paula Manzolli, especialista em Psicopatologia Clínica, os sinais físicos e emocionais mais comuns são: >
A psicóloga Andrea Deis, especialista em Neurociências e pós-graduanda em Saúde Mental, acrescenta que os sintomas do transtorno, especialmente os físicos, ocorrem como uma resposta de “luta ou fuga”, uma reação fisiológica automática que prepara o corpo para lutar ou fugir de uma possível ameaça. >
Além de desencadear os sintomas citados anteriormente, a fobia social também pode estar relacionada ao desenvolvimento de outros transtornos psicológicos e físicos. Conforme Paula Orio Carlini, são eles: >
Em relação aos transtornos físicos, a profissional ressalta que os mais comuns são dores de cabeça e problemas digestivos. Além disso, “a fobia social pode aumentar o risco de doenças cardíacas devido ao aumento do estresse e da pressão arterial”, acrescenta. >
A fobia social não apenas afeta a saúde física e emocional dos indivíduos, mas também tem um impacto significativo na rotina, o que inclui trabalho, lazer e relacionamentos. >
“No trabalho, pode dificultar a realização de tarefas que envolvam interação com outras pessoas, como apresentações ou reuniões. No lazer, pode resultar em isolamento social, já que o medo de julgamento impede que a pessoa participe de atividade sociais. Nos relacionamentos, pode causar dificuldades em estabelecer e manter vínculos próximos, afetando a intimidade e a comunicação”, detalha o Dr. José Luis Leal de Oliveira, psiquiatra na rede Kora Saúde. >
A fobia social pode ser diagnosticada de forma clínica, isto é, por meio da análise dos sintomas e histórico médico. Para realizar o diagnóstico, o profissional de saúde, como um clínico, psicólogo, psiquiatra ou terapeuta, utiliza os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que determina que os sintomas devem durar, pelo menos, seis meses para caracterizar a condição. >
“Esses critérios incluem o medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo está exposto à possível avaliação por outras pessoas, o medo de agir de forma humilhante ou embaraçosa, a evitação dessas situações ou a vivência delas com intensa ansiedade, bem como o impacto significativo desses sintomas na vida do indivíduo”, explica Andrea Deis. >
Muitos casos de fobia social são tratados por meio da psicoterapia. Kátia Goes, psicóloga da Géia Consultoria e Corretora de Seguros, comenta que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) costuma ser a mais indicada para a condição, pois “ajuda a pessoa a identificar e mudar pensamentos negativos sobre si mesma e sobre situações sociais, além de enfrentar os medos”. >
Contudo, em alguns casos, o processo terapêutico pode não ser suficiente, sendo necessário o uso de medicamentos para o controle de determinados sintomas. Conforme o Dr. Jorge Elias, psiquiatra da clínica Revitalis, os remédios indicados geralmente são os antidepressivos (usados para tratar distúrbios de humor) e os ansiolíticos (utilizados no tratamento da ansiedade). >
O tratamento adequado, segundo o psiquiatra Dr. Gustavo Yamin Fernandes, possibilita a redução da ansiedade, o desenvolvimento de habilidades sociais e o fortalecimento da autoestima. “Essas melhorias permitem que o indivíduo se reintegre a ambientes antes evitados, ampliando as possibilidades de crescimento pessoal e profissional”, acrescenta. >
Para haver uma melhora significativa da fobia social, além dos tratamentos terapêuticos e medicamentosos, é importante o paciente investir em hábitos saudáveis. A psicóloga Larissa Fonseca, doutoranda em ansiedade, depressão, estresse, sono e sexualidade feminina, lista boas práticas: >
“Além disso, cultivar uma rede de apoio social e reservar momentos para atividades prazerosas são hábitos que favorecem o equilíbrio emocional”, finaliza. >