7 dicas essenciais para estudar Ciências Sociais para a Fuvest

Especialista revela estratégias para os vestibulandos alcançarem uma boa nota em uma das provas mais concorridas do Brasil

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 18:48

Dominar a prova de Ciências Sociais é fundamental para garantir uma boa nota na Fuvest (Imagem: Gorodenkoff | Shutterstock)
Dominar a prova de Ciências Sociais é fundamental para garantir uma boa nota na Fuvest Crédito: Imagem: Gorodenkoff | Shutterstock

Faltam pouco mais de dois meses para um dos vestibulares mais desafiadores do Brasil: a prova da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável por selecionar estudantes para a Universidade de São Paulo (USP) e reconhecida pelo alto nível de exigência. A primeira fase do exame acontece em 23 de novembro (domingo), e a segunda nos dias 14 e 15 de dezembro.

Uma das provas mais importantes da Fuvest é a de Ciências Sociais que contempla as disciplinas: Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física. Por isso, em período de contagem regressiva para esse vestibular, a autora de História, Filosofia e Sociologia do Sistema de Ensino pH, Ana Paula Aguiar, fala sobre a importância do estudo dessas disciplinas para alcançar a nota almejada.

“A prova de Ciências Sociais da Fuvest tem a sua importância, já que a disciplina é fundamental para a compreensão de fenômenos sociais e culturais, com forte caráter interdisciplinar que se reflete na prova, abordando temas como o papel do Estado, movimento sociais, cultura e relações de poder”, ressalta. 

Para ajudar os estudantes que vão enfrentar esse desafio, Ana Paula Aguiar compartilha 7 dicas essenciais. Confira!

1. Priorize os clássicos da Sociologia

Uma das principais estratégias é priorizar os grandes pensadores, conhecidos como “Clássicos da Sociologia”, como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, dominando seus conceitos, como fato social, ética protestante, alienação e ação social.

“A partir deles, o candidato deve estabelecer conexões com temas contemporâneos que frequentemente aparecem nas provas, como democracia, violência, desigualdade, mídia digital, raça e gênero, tornando o estudo mais contextualizado e aplicável às questões”, comenta Ana Paula Aguiar. 

2. Relacione teoria e atualidade

Nas edições anteriores, a Fuvest apresentou questões ligadas a fenômenos recentes , como extrativismo e colonialismo de dados, necropolítica, fake news , cultura do cancelamento associada a valores de mercado, questões raciais e desigualdade, exclusão social e violência. Segundo Ana Paula Aguiar, esses assuntos seguem como fortes apostas, já que representam desafios persistentes no Brasil e no mundo.  

Ainda neste sentido, a autora informa que, para a próxima edição, existem temas que estão em alta e que possuem chances de cair no vestibular, como escala 6×1 e condições de trabalho contemporâneas, a plataformização do trabalho, os impactos da inteligência artificial e as transformações do Estado-nação diante da globalização (redes sociais, uberização etc.).

“Esses tópicos dialogam com debates recentes sobre trabalho, tecnologia e política internacional, e mantêm coerência com a linha de abordagem crítica que caracteriza as provas da Fuvest”, afirma.

3. Treine para a prova com as edições anteriores

Uma das estratégias indispensáveis para quem busca entender a lógica da Fuvest e se destacar na área de Ciências Sociais, é utilizar as edições anteriores para treinar para o vestibular. Segundo a especialista, ao resolver provas antigas, o estudante se familiariza com a abordagem interdisciplinar e ganha segurança para enfrentar temas recorrentes, como cidadania, movimentos sociais e violência estrutural. 

4. Construa um repertório de qualidade

Materiais didáticos de qualidade já oferecem um direcionamento sólido para os alunos, pois são elaborados com base na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e nas tendências dos principais vestibulares do país. Mas, além desses recursos, artigos e reportagens de qualidade também são fundamentais, especialmente aqueles que abordam política, desigualdade, racismo, gênero e economia.

“Essas leituras complementares ampliam o repertório crítico, ajudam a relacionar conceitos sociológicos às problemáticas atuais e permitem que o estudante desenvolva uma visão mais abrangente e contextualizada da realidade brasileira e mundial”, afirma Ana Paula Aguiar.  

Os filmes estimulam os estudantes a conectarem experiências individuais com estruturas sociais (Imagem: Twinsterphoto | Shutterstock)
Os filmes estimulam os estudantes a conectarem experiências individuais com estruturas sociais Crédito: Imagem: Twinsterphoto | Shutterstock

5. Utilize filmes e séries como laboratório sociológico

Muito além do entretenimento, obras audiovisuais vêm sendo recomendadas por educadores como verdadeiros “laboratórios sociológicos” para quem se prepara para a Fuvest. “Assistir a filmes e séries com um olhar crítico permite desenvolver a imaginação sociológica, conceito de C. Wright Mills que estimula o estudante a conectar experiências individuais com estruturas sociais mais amplas”, comenta a especialista.

Títulos recentes como “Coringa” (2019), “A Mulher Rei” (2022), “A Substância” (2023) e “Dias Perfeitos” (2023) oferecem ricas possibilidades de análise, de acordo com Ana Paula Aguiar. Enquanto “Coringa” levanta debates sobre exclusão e saúde mental em contextos urbanos desiguais, “A Mulher Rei” provoca reflexões sobre identidade negra, de colonialidade e resistência, em diálogo com autoras como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro.

Já “ A Substância” expõe as pressões estéticas impostas às mulheres e o controle sobre seus corpos, enquanto “Dias Perfeitos” propõe uma reflexão sutil sobre rotina, trabalho e alienação, à luz do pensamento marxista. Para Ana Paula Aguiar, esse tipo de exercício amplia a compreensão do estudante sobre temas recorrentes na prova, como desigualdade, poder, gênero e cidadania. “É uma forma acessível e envolvente de conectar teoria sociológica e realidade, algo cada vez mais valorizado nas edições recentes da Fuvest”, afirma. 

6. Use o repertório sociológico na redação

Além de contribuir com a resolução de questões objetivas, a Sociologia tem ganhado protagonismo na redação da Fuvest, fornecendo repertório crítico e aprofundado para a construção de argumentos. “Todos os temas propostos pela banca, direta ou indiretamente, envolvem reflexões sociológicas. Por isso, dominar conceitos e autores da área é um diferencial importante”, comenta.

Nos últimos anos, a prova tem cobrado conhecimento de teorias sociais. “O domínio de conceitos sociológicos permite ao estudante elaborar argumentos mais consistentes e contextualizados, o que enriquece significativamente o texto dissertativo”, reforça a autora. A recomendação é que os candidatos não apenas memorizem definições, mas compreendam como aplicar essas referências a problemas sociais concretos, algo cada vez mais exigido pela banca da Fuvest. 

7. Entenda os conceitos

Uma das principais armadilhas para quem se prepara para a Fuvest é apostar na simples memorização de conceitos. Segundo a autora do Sistema de Ensino pH, decorar definições sem entender sua aplicação prática é um erro que pode comprometer o desempenho, especialmente em provas dissertativas e na redação. “A banca não avalia apenas o conhecimento teórico, mas a capacidade do candidato de interpretar, contextualizar e aplicar esses conceitos a situações reais”, explica. 

Para evitar esse equívoco, é fundamental adotar uma postura ativa de estudo: praticar leitura crítica, relacionar autores e teorias sociológicas com problemáticas contemporâneas e revisar provas anteriores. A recomendação é clara: fuja da decoreba.

Por Patrícia Martins Buzaid