Publicado em 25 de junho de 2025 às 19:17
O desejo de viver legalmente nos Estados Unidos segue forte entre alguns brasileiros. No entanto, em um cenário de alta demanda por vistos, endurecimento das políticas migratórias e circulação desenfreada de boatos nas redes sociais, cresce também o número de pessoas que acabam tomando decisões arriscadas, muitas vezes sem entender os requisitos legais ou os impactos dessas escolhas no longo prazo. >
Com mais de uma década de experiência em direito imigratório, a advogada Renata Castro, da US4ALL, escritório especializado em soluções de imigração nos Estados Unidos, esclarece 10 mitos e verdades comuns sobre imigração para os EUA — e reforça que, mesmo diante de desafios, ainda existem caminhos legais e viáveis, inclusive para quem já está em situação irregular. Confira! >
Mito. O primeiro mito que precisa ser esclarecido é que todo mundo pode conseguir visto com facilidade. Isso não é real. Cada caso é avaliado individualmente e o perfil do solicitante é decisivo para a obtenção. >
Mito . Não é necessário abrir uma empresa. No entanto, é preciso investir em projetos. “Na verdade, é possível investir em projetos já aprovados pelo governo americano, desde que o investimento atenda aos valores mínimos exigidos e resulte na criação de empregos”, explica Renata Castro. >
Mito. Nas redes sociais, também ganhou repercussão a suposta criação de um “Trump Card” — ou “Gold Card” — que prometeria residência permanente nos EUA em troca de um investimento de US$5 milhões, dispensando o EB-5. Trata-se de um boato sem validade jurídica, já que a proposta ainda não foi aprovada pelo Congresso norte-americano. >
Mito. Outra confusão recorrente envolve o visto EB-2 NIW ( National Interest Waiver ), voltado a profissionais qualificados. Ao contrário do que muitos acreditam, não é necessário apresentar uma oferta de emprego para se candidatar. >
“Esse visto dispensa o job offer se o profissional demonstrar formação sólida, atuação de impacto e benefício direto ao interesse nacional dos EUA”, afirma a advogada, que completa afirmando: “Hoje, ele é um dos caminhos mais buscados por brasileiros com carreira consolidada”. >
Mito. Também circulam ideias equivocadas sobre o processo de obtenção do green card . O documento não é emitido imediatamente após a aprovação: o processo envolve coleta de biometria, entrevistas e análise documental, podendo levar meses. Além disso, portadores de green card podem entrar e sair dos Estados Unidos, desde que respeitem os prazos máximos de ausência e comprovem a intenção de manter residência no país. >
Mito. A advogada também alerta sobre outro erro comum: ter um filho nascido nos EUA não garante automaticamente o green card aos pais. Somente filhos com mais de 21 anos têm direito de peticionar pelos pais — e o sucesso do processo depende de uma série de critérios legais. >
O mesmo vale para casamentos com cidadãos norte-americanos. Embora seja uma via legal, não há garantia automática de concessão. O casal precisa provar a legitimidade da união, por meio de evidências como contas conjuntas, fotos, histórico de convivência e declarações de amigos e familiares. >
Verdade. Uma mudança recente, anunciada em 20 de junho, exige que candidatos ao visto F-1 (estudante) — e a outras categorias — autorizem o acesso das autoridades migratórias aos seus perfis em redes sociais. Ainda que muitos considerem essa exigência polêmica ou até ilegal, ela está prevista nos formulários oficiais e já integra os critérios de análise de segurança dos EUA. >
Mito. A ideia de que imigrantes, especialmente os indocumentados, não pagam impostos é um dos mitos mais disseminados. Na prática, a realidade é bem diferente. Mesmo pessoas fora de status contribuem com impostos estaduais e federais, seja pelo consumo, pelo aluguel ou até pela declaração de renda, quando utilizam o ITIN ( Individual Taxpayer Identification Number ). Ou seja, a narrativa de que imigrantes apenas oneram os serviços públicos não se sustenta nos dados. >
Apesar do cenário complexo, ainda existem rotas legítimas e seguras para quem deseja viver legalmente nos Estados Unidos. Entre as principais alternativas, estão: >
Renata Castro também alerta queerros comuns de documentação— como falhas no preenchimento de formulários, cartas mal redigidas ou falta de evidências — são algumas das principais causas de negativa de vistos, mesmo quando o solicitante tem perfil adequado. >
“A crescente disseminação de mitos sobre a imigração gera consequências sérias: desde prejuízos financeiros até o risco de deportações. Por isso, é fundamental que brasileiros interessados em viver legalmente nos EUA busquem informação confiável, planejamento jurídico e estratégias compatíveis com seu histórico pessoal e profissional”, finaliza a especialista. >
Por Kamila Garcia >