Aos 90 anos, Alcoólicos Anônimos têm maior participação feminina

Com aumento de grupos femininos, A.A. segue como rede de apoio fundamental no combate ao alcoolismo no Brasil.

Publicado em 10 de junho de 2025 às 11:30

Reprodução
Reprodução Crédito: Alcoólicos Anônimos

Ao completar 90 anos de existência, o Alcoólicos Anônimos (A.A.) continua sendo um porto seguro para quem busca sair da dependência do álcool. I.F., que prefere não se identificar, conheceu a irmandade num momento delicado da vida — e afirma que isso a salvou.

“Peguei o número, mandei uma mensagem e me enviaram o link de uma reunião virtual. Entrei e era só com mulheres”, conta. A experiência foi transformadora: “Ouvi-las falar sobre aquelas questões, sem dúvida, foi o ponto-chave para eu ficar e querer essa recuperação dentro do Alcoólicos Anônimos”. Hoje, ela também participa de encontros tradicionais, com composição mista.

Grupos femininos crescem no pós-pandemia

De acordo com dados do próprio A.A., o número de reuniões compostas exclusivamente por mulheres cresceu 44,7% no Brasil desde a pandemia. Atualmente, há cerca de 65 grupos femininos, presenciais e virtuais, com participantes de diversas regiões do país.

Essa expansão reflete uma demanda crescente por espaços de escuta e acolhimento voltados às especificidades da mulher alcoólica, que muitas vezes enfrenta duplos estigmas: o da dependência e o da cobrança social ligada ao papel feminino.

Tradição de ajuda mútua

Fundado em 1935, nos Estados Unidos, o Alcoólicos Anônimos nasceu da ideia de que pessoas com histórico de alcoolismo podem se ajudar mutuamente por meio da partilha de vivências. A participação nos grupos é gratuita e anônima, e não há vínculo com religiões, partidos ou instituições.

“É dentro da escuta e do acolhimento que muitos encontram força para não recair”, explica um membro da irmandade. A filosofia do A.A. é baseada nos Doze Passos, um conjunto de princípios espirituais e práticos para alcançar e manter a sobriedade.

Ao longo de nove décadas, a organização se espalhou pelo mundo e se adaptou aos novos tempos — como nas reuniões virtuais, que ampliaram o alcance a pessoas que antes não conseguiam frequentar os encontros presenciais.

Para I.F., a transformação vai além da sobriedade: “O A.A. me salvou da destruição. E, hoje, posso dizer que estou reconstruindo minha vida”.