Publicado em 7 de junho de 2025 às 17:40
Marcello Antony, conhecido por sua longa trajetória na televisão, abriu o coração ao relembrar um capítulo delicado de sua vida pessoal: a adoção de um de seus filhos, portador do gene do HIV. Hoje com 60 anos, o ator falou abertamente sobre o preconceito enfrentado pelo jovem e revelou que, à época, o processo de adoção foi acelerado porque nenhuma família demonstrava interesse pela criança.>
"Estava em uma entrevista outro dia e acabei comentando, muito rapidamente, que adotei um de meus filhos sabendo que era portador do gene do HIV. Isso repercutiu mal, de forma errada mesmo, como se eu estivesse expondo o Francisco. Nunca quis abrir o assunto antes, apesar da história já ter mais de duas décadas. Achei, porém, que tanto tempo depois havia chegado o momento", começou Antony, em entrevista à revista Veja.>
Anthony explicou por que escolheu dividir a história agora. "Meu filho fez 22 anos, está grande e maduro, e a ideia é justamente quebrar um tabu e incentivar mais gente a adotar, sem se importar com a condição da criança. A maioria busca o bebê perfeito, coisa que não existe. A mãe do meu filho era soropositiva e assim ele nasceu, embora nunca tenha desenvolvido a doença. A gestação foi toda bem acompanhada e não houve amamentação - tudo para preservar o Francisco. A ciência evoluiu e, hoje, é mais fácil verificar as chances de um recém-nascido seguir com o vírus no organismo. São três testes. Quando ele veio para casa, havia passado por apenas um. Não tínhamos ideia do que nos aguardava".>
O vínculo com o filho foi imediato e profundo, segundo Marcello, que também refletiu sobre os aspectos emocionais envolvidos: "Não tínhamos ideia do que nos aguardava. Jamais falei da força espiritual de nosso encontro, como se fosse algo de vidas passadas. Do lado mais psicanalítico, me projetei nele, uma criança desamparada precisando de acolhimento, sentimento que trato na terapia".>
Além disso, o ator recordou os anos difíceis ao lado da esposa, Mônica Torres, durante as tentativas frustradas de gerar um filho biologicamente: "Cinco gestações não foram adiante, uma delas com três meses. Perdia, engravidava, perdia de novo, e a gente tentava. Fizemos de tudo para ter um bebê, recorremos a várias técnicas, mas não foi possível. Decidimos então partir para a adoção. Como era uma criança com o gene do HIV, ninguém a queria. O desembargador agilizou a papelada e, em um mês, já era meu filho legítimo. Rápido demais, dadas as circunstâncias. Um processo desses costuma levar anos", concluiu.>