Brasil registra mais de mil casos de ISTs entre crianças indígenas nos últimos 10 anos

Dados do Ministério da Saúde mostram a maior incidência de sífilis congênita entre crianças com menos de um ano de vida

Publicado em 14 de junho de 2025 às 14:14

Dados do Ministério da Saúde mostram a maior incidência de sífilis congênita entre crianças com menos de um ano de vida
Dados do Ministério da Saúde mostram a maior incidência de sífilis congênita entre crianças com menos de um ano de vida Crédito: Pixabay

Entre 2015 e 2024, o Brasil notificou 1.044 casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em crianças indígenas de 0 a 15 anos. Os dados revelam um cenário preocupante de vulnerabilidade nessa população.

A maioria dos casos em bebês está relacionada à sífilis congênita, uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum e transmitida da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação, o que é conhecido como transmissão vertical. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2024, 47 bebês indígenas com menos de um ano foram diagnosticados com sífilis congênita não especificada.

A doença pode provocar sérias complicações de saúde, como parto prematuro, malformações fetais, surdez, cegueira e alterações ósseas. O ministério ressalta que o aumento das notificações está ligado à ampliação da triagem clínica e da oferta de testes rápidos em territórios indígenas, o que tem favorecido o diagnóstico precoce.

Além da sífilis, outras ISTs também foram identificadas em crianças e adolescentes indígenas, como gonorreia e HPV (papilomavírus humano). Ao todo, o Brasil registrou 13.563 casos de ISTs entre indígenas de todas as idades no período de 2015 a 2024. O pico de notificações aconteceu entre 2017 e 2018, com 2.299 casos confirmados.

A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) informa que os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) desenvolvem ações educativas sobre ISTs ao longo do ano, especialmente nos meses de julho, outubro e dezembro, em parceria com campanhas do Ministério da Saúde.

Apesar dos números expressivos, o ministério aponta uma queda de 38% nos casos de ISTs entre indígenas entre 2019 e 2024, caindo de 1.939 para 1.186 registros. No mesmo período, o número de mortes relacionadas às infecções caiu de 15 para 7.

Desde 2023, o governo intensificou o enfrentamento às ISTs nas comunidades indígenas com reforço na vacinação e ampliação da testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites. Somente entre 2023 e 2024, foram enviados aos DSEIs mais de 1,5 milhão de testes rápidos: 461 mil para HIV, 376 mil para sífilis, 400 mil para hepatite B e quase 300 mil para hepatite C. A combinação entre testagem, busca ativa e ações de sensibilização tem sido a chave para o diagnóstico precoce e o controle das doenças.

As informações e dados foram obtidos pelo portal Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI)