Câmara de São Paulo dobra vale-alimentação e servidores recebem 'vale-peru' de R$ 4 mil em dezembro

A Câmara Municipal de São Paulo confirmou que seus cerca de 2 mil servidores receberão, em dezembro, o vale-alimentação em dobro, um pagamento extra que, na prática, eleva o benefício mensal de R$ 2 mil para cerca de R$ 4 mil. A medida foi estabelecida por uma resolução aprovada no fim de 2024 e passou a valer neste ano como uma espécie de "13º do vale".

Nos corredores da Casa, funcionários apelidaram o valor adicional de “vale-peru”, numa referência bem-humorada (e crítica) ao bônus alimentar que o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul tentou aprovar em 2024, um vale de R$ 10 mil que acabou barrado pela Justiça após repercussão negativa. Um servidor da Câmara paulista chegou a comentar que o benefício funciona como “um agrado de fim de ano”, embora reconheça que “pegou mal lá fora quando viram o exemplo do Mato Grosso do Sul”.

Além do vale duplicado, os servidores contam com R$ 93 por dia em vale-refeição, benefício que teve reajuste de 9,4% em março deste ano. O aumento superou a inflação acumulada entre abril de 2024 e março de 2025 (5,48%, segundo o IPCA). À época, a presidência da Câmara afirmou que não havia irregularidade na correção e justificou que o percentual “considerou a variação dos preços de serviços de alimentação na capital, medida pelo IPC-Fipe”.

Nos bastidores da política paulistana, o pagamento extra reacendeu o debate sobre benefícios no Legislativo municipal. Especialistas em contas públicas costumam apontar que auxílios como vale-refeição e vale-alimentação não entram no teto salarial e tendem a gerar distorções. Em tom reservado, um assessor técnico avalia que o bônus de dezembro deverá “alimentar novas discussões sobre privilégios”, especialmente diante do aumento real concedido neste ano.

Apesar das críticas, o pagamento será efetivado ainda em dezembro, consolidando o primeiro “vale-peru” oficial da Câmara de São Paulo e reforçando a lista de benefícios que, ano após ano, movimenta debates sobre o uso de recursos públicos no Legislativo municipal.