'Careca do INSS' doou R$ 1 para campanha de Jair Bolsonaro em 2022
Lobista ligado ao esquema de descontos de aposentadorias para entidades associativas fez uma doação à última campanha de Jair Bolsonaro.
Publicado em 30 de maio de 2025 às 12:58
Em meio às investigações da Polícia Federal sobre fraudes milionárias no INSS, um detalhe inusitado, e quase cômico, chamou a atenção nos registros do Tribunal Superior Eleitoral: o notório Careca do INSS, acusado de comandar um esquema de descontos indevidos em aposentadorias Brasil afora, doou exatos R$ 1 à campanha de Jair Bolsonaro em 2022.
Sim, caro leitor. Um real. O mesmo valor que você encontra no fundo do sofá ou perde ao recarregar o saldo do ônibus errado.
O personagem por trás da moeda é Antônio Carlos Camilo Antunes, nome artístico: Careca do INSS, cuja ficha agora inclui crimes contra a ordem financeira, além de talento para a ironia monetária. O CPF e nome dele estão registrados na base oficial do TSE como doador simbólico da campanha presidencial. A doação foi feita via Pix, porque, ao que tudo indica, até nas trapaças do sistema previdenciário, a modernidade é bem-vinda.
A doação virou piada de bolsonaristas e críticos nas redes sociais. Mas parece que o próprio ex-presidente entendeu a “generosidade” do Careca como uma forma de sinal. Em entrevista à Revista Oeste, Bolsonaro comentou:
“Verdade; depositou, sim: R$ 1. Ele quis, naquele momento, acho, dar um recado. Se estivesse conosco, poderia ser R$ 20 milhões. Foi R$ 1 só.”
Ou seja, na matemática bolsonarista, o valor do Pix tem peso político. Um real virou código. E o silêncio sobre os milhões desviados virou tradição.
Nas entrelinhas, o ato é quase poético. Um real vindo de um homem acusado de fraudar bilhões. Um gesto de apoio que, mais do que simbólico, escancara a tragicomédia da política nacional: o delírio institucional onde o criminoso previdenciário deixa sua gorjeta como quem diz: “Estamos juntos — mas só de leve”.
Enquanto isso, aposentados seguem enfrentando descontos misteriosos, sindicatos fantasmas e promessas de resolução que se arrastam. O escândalo, batizado de Operação Sem Desconto, revelou um sistema de corrupção robusto, com direito a falsificação, estelionato e, por que não, Pix de R$ 1.
Pelo menos agora, o brasileiro pode dormir tranquilo sabendo que cada real conta. Mesmo que seja só para mostrar que tem gente roubando muito e doando pouco.
