Cármen Lúcia condena Bolsonaro por liderar organização criminosa contra ataques às instituições democráticas

Ministra do STF afirma que ex-presidente chefiou organização criminosa com militares, membros do governo e órgãos de inteligência para atacar a Justiça e o sistema eleitoral.

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 16:08

Ministra Cármen Lúcia fará a palestra de abertura do evento, em Belém
Ministra Cármen Lúcia fará a palestra de abertura do evento, em Belém Crédito: Divulgação

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (11) que a Procuradoria-Geral da República reuniu provas suficientes para responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por ataques às instituições democráticas. O posicionamento, dado durante a leitura de seu voto, pode consolidar a maioria da Corte em favor da condenação do ex-chefe do Executivo.

Segundo a magistrada, os autos demonstram que Bolsonaro liderou um grupo estruturado, integrado por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, que teria colocado em prática um “plano progressivo e sistemático” contra a ordem constitucional. O objetivo, disse, era fragilizar a alternância legítima de poder após as eleições de 2022 e enfraquecer o funcionamento dos demais poderes da República, em especial o Judiciário.

“Há prova nos autos de empreitada criminosa dos réus, que se usaram de milícia digital para propagar ataques ao Judiciário e, de forma especial, à Justiça Eleitoral e à urna eletrônica”, destacou Cármen Lúcia em seu voto.

A fala reforça a tese da PGR, que aponta a existência de uma organização criminosa dedicada a corroer a credibilidade das instituições, utilizando tanto estratégias virtuais quanto ações concretas para desacreditar o processo democrático.

O julgamento, considerado um dos mais relevantes da história recente do STF, deve definir não apenas a responsabilidade criminal de Bolsonaro e de seus aliados, mas também traçar um precedente sobre como a Corte encara tentativas de desestabilização do regime democrático no país.