Criar um filho pode custar até R$ 3,6 milhões no Brasil, aponta estudo

Gasto médio até os 18 anos varia conforme a renda da família e reforça desigualdades sociais

Publicado em 24 de maio de 2025 às 16:28

Gasto médio até os 18 anos varia conforme a renda da família e reforça desigualdades sociais
Gasto médio até os 18 anos varia conforme a renda da família e reforça desigualdades sociais Crédito: Reprodução 

Criar um filho no Brasil até os 18 anos pode custar de R$ 480 mil a R$ 3,6 milhões, segundo estudo do Insper. O valor varia conforme a faixa de renda da família e tende a aumentar, principalmente nas grandes cidades.

Famílias da classe C (com renda entre R$ 5,2 mil e R$ 13,2 mil) gastam de R$ 480 mil a R$ 1,2 milhão. Na classe B, o custo pode chegar a R$ 2,4 milhões. Já na classe A, o investimento começa em R$ 3,6 milhões. A média é de que 30% da renda familiar seja destinada a despesas com os filhos, incluindo alimentação, educação, saúde e moradia.

Especialistas alertam que esses custos elevados agravam a desigualdade social, já que famílias mais ricas podem investir até 15 vezes mais nos filhos do que as famílias de baixa renda. “É muito difícil competir em igualdade quando o investimento na infância é tão desigual”, afirma Juliana Inhasz, economista do Insper.

O impacto financeiro é sentido em todos os níveis. Em São Paulo, a produtora de conteúdo Helvânia Ferreira, de 50 anos, destina todo seu salário à educação dos filhos. Durante a pandemia, com a perda de renda da família, ela precisou renegociar mensalidades escolares atrasadas.

Além disso, o estudo ressalta a importância de investimentos na primeira infância, fase crítica para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Segundo Marcelo Neri, do FGV Social, o acesso desigual a oportunidades educacionais compromete o futuro das crianças e perpetua a desigualdade no país.

Desde 2014, com a crise econômica e os efeitos da pandemia, muitas famílias da classe média perderam acesso a serviços privados como saúde e educação, sobrecarregando o setor público e tornando ainda mais difícil a tarefa de manter o padrão de vida dos filhos.

Com informações do InfoMoney