De ‘pedreira’ a ‘coisa de homem’: preconceito contra a mulher na Engenharia ainda persiste

Mulheres sofrem dificuldades no setor em que somente 20% dos profissionais com registro são do sexo feminino

Publicado em 20 de março de 2025 às 14:57

Engenheira
Engenheira Crédito: Reprodução

Dados divulgados pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) mostraram que apenas 20% dos profissionais com registro em diversas áreas da Engenharia no Brasil são mulheres. Chegam no dia-a-dia, segundo a professora Ivete Faesaralla, diversos relatos de alunas que sofrem com o preconceito, casos onde o próprio pai as chamam de "pedreiras", e que o trabalho é "coisa de homem". 

A realidade de quem já atua na área de exatas, de garantir a inserção no mercado, de forma em geral, esbarra principalmente de uma questão cultural, não só do Brasil, mas do mundo. As mulheres são condicionadas a cursos relacionados à educação e profissões relacionadas à “extensão do cuidar”. NO entanto, as características para atuar na área de engenharia estão presentes tanto em homens quanto em mulheres. 

A professora lembra dos tempos difíceis em que se formou. Na época, o número de profissionais com registro era bem menor do que os 20% apresentados pela Confea. Depois de formada, a professora conta que também enfrentou algumas dificuldades para conseguir desenvolver seu trabalho no mercado: “Trabalhei como gerente de produção numa fábrica de bebidas e por ser mulher e com pouca idade enfrentei preconceitos. Os colaboradores, a maioria homens, mais velhos que eu, não confiavam no meu trabalho, dificultando muito a implementação das melhorias no processo.”, conta. 

Em outra empresa, a experiência também foi negativa. A profissional chegou até a escutar o argumento de que “uma mãe não tem capacidade para fazer a gestão da área de Produção”.

Outras situações semelhantes acontecem com várias mulheres em posições de liderança. Por esta vivência, Ivete diz que costuma criar espaços de acolhimento para as alunas dos cursos de Engenharia.

“Algumas estudantes não se sentem à vontade nem para falar, muitas não legitimam o próprio sofrimento. Eu procuro acolher essas alunas, ouvir as questões que elas trazem e sempre digo que mesmo com dificuldades, elas não precisam abandonar o sonho. Existe uma rede de apoio que elas podem contar para conversar, trocar ideias e desabafar. Numa profissão onde a presença dos homens é predominante, ser mulher é um desafio diário”, detalha Ivete.

Uma saída, segundo Fernanda para mudar essa realidade, é fazer com que as universidades trabalhem no sentido de mostrar as possibilidades de atuação, levando as alunas à campo.