Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 10:06
Uma decisão interna da Arquidiocese de São Paulo alterou de forma significativa a rotina do padre Júlio Lancellotti, conhecido nacionalmente pelo trabalho com pessoas em situação de rua. Por determinação do arcebispo dom Odilo Scherer, o sacerdote foi transferido da paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, onde exercia o ministério há cerca de 40 anos. A medida foi informada por meio de carta entregue ao religioso na última quarta-feira (10).>
Além da mudança de paróquia, cujo novo destino não foi divulgado, o documento estabelece restrições à atuação pública do padre, como a proibição do uso de redes sociais e a interrupção das transmissões online das missas dominicais. As celebrações vinham alcançando fiéis de diversas regiões do Brasil e também do exterior, ampliando o alcance pastoral da paróquia.>
Em declaração à imprensa, padre Júlio afirmou que a orientação recebida foi a de se afastar temporariamente das atividades mais visíveis. Segundo ele, a justificativa apresentada pelo arcebispo estaria relacionada a um período de recolhimento. “É um pedido para dar um tempo. Cabe a mim obedecer”, resumiu o sacerdote.>
Reconhecido pela atuação junto à população em situação de rua, padre Júlio coordena a Pastoral do Povo da Rua, iniciativa que há anos desenvolve ações de acolhimento, distribuição de alimentos e acompanhamento social nas regiões centrais da capital paulista. O trabalho também se expandiu para projetos culturais e educativos, como a Biblioteca Wilma Lancellotti, inaugurada recentemente no bairro do Belém, com um acervo de cerca de três mil livros e atividades voltadas a pessoas em vulnerabilidade social.>
A decisão da arquidiocese provocou forte reação nas redes sociais e em círculos ligados à ação social da Igreja. Um texto da jornalista Denise Ribeiro, colaboradora de projetos conduzidos pelo padre, ganhou ampla repercussão ao questionar as razões da transferência e levantar hipóteses sobre pressões internas e externas, incluindo o peso da visibilidade pública do sacerdote e suas posições recentes em temas sociais e internacionais.>
Até o momento, a Arquidiocese de São Paulo não divulgou nota explicando oficialmente os critérios que embasaram a decisão nem esclareceu como ficará a continuidade dos projetos sociais ligados ao padre Júlio. Também não há informações detalhadas sobre o futuro da paróquia São Miguel Arcanjo após a mudança.>
A transferência ocorre na fase final da gestão de dom Odilo Scherer à frente da arquidiocese. O arcebispo deve se aposentar em abril de 2026, conforme as normas da Igreja Católica para bispos, ao completarem 75 anos. Enquanto isso, manifestações de apoio ao padre Júlio seguem sendo registradas por fiéis, voluntários e entidades que acompanham seu trabalho há décadas na cidade.>