Publicado em 6 de novembro de 2024 às 15:39
Há décadas, pesquisadores buscam entender os "caminhos" complicados da esquizofrenia na mente humana. Agora, cientistas combinaram o conhecimento prévio sobre a condição psiquiátrica com a pesquisa sobre o impacto da Covid-19 no cérebro, e descobriram, surpreendentemente, que as intersecções são mais frequentes do que se supunha.
A pesquisa, realizada por cientistas da Unicamp, do Instituto D'Or de Pesquisa e do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e divulgada nesta sexta-feira (19), indica que as duas condições de saúde se conectam, por exemplo, na aceleração de problemas cognitivos.
"Notamos que as semelhanças superavam as diferenças. Uma das descobertas que nos surpreendeu foi observar que proteínas ligadas a eventos neurodegenerativos estavam abundantes no cérebro dos pacientes com Covid, semelhante ao que ocorre na esquizofrenia", disse Daniel Martins-de-Souza, pesquisador da Unicamp e autor do estudo.
Estudos prévios já apontavam que pacientes com esquizofrenia apresentam um risco elevado de desenvolver a forma grave da Covid, por motivos ainda desconhecidos pela medicina. O grupo procurou compreender como (e se) os mecanismos biológicos das duas enfermidades se sobrepõem.
Tanto as proteínas dos cérebros de pacientes que faleceram devido ao coronavírus e que apresentaram, principalmente, sintomas neurológicos, quanto as de indivíduos diagnosticados com esquizofrenia, foram usadas na análise. Os achados indicaram que:
• as duas doenças causam envelhecimento cerebral;
• influenciam sistemas neurotransmissores;
• comprometem a maquinaria de energia das células;
• e aumentam o risco de comorbidades como diabetes e síndrome metabólica.