Cantora faz denúncia e Erika Hilton pede multa de R$ 50 mi à Meta por relacionar palavra 'negra' com venda de drogas

Em nota divulgada inicialmente, a empresa chamou o episódio de "problema técnico" e se desculpou "por qualquer inconveniente".

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 08:13

A cantora Teresa Cristina e a deputada Érika Hilton (PSOL).
A cantora Teresa Cristina e a deputada Érika Hilton (PSOL). Crédito: Reprodução/Agência Brasil

A deputada Érika Hilton (PSOL) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) na última quinta-feira, 5, contra a Meta, empresa que administra o Instagram e o Threads, por alertar usuários que buscam a palavra "negra" com um aviso que o termo "pode estar associado com a venda de drogas". Ela pede que a empresa seja condenada a se retratar e a pagar R$ 50 milhões em indenização por danos morais coletivos.

A denúncia foi feita na última quinta-feira, 5, pela cantora Teresa Cristina, que, ao fazer uma busca pela palavra "negra" na pesquisa no Instagram, recebeu uma mensagem de bloqueio de conteúdo na tela, que diz que as postagens ligadas ao tema podem "estar associadas com a venda de drogas". A denúncia, feita no perfil da sambista, chamou a atenção dos usuários - alguns afirmaram ter o mesmo resultado que a cantora na plataforma.

Procurado pelo reportagem, o Instagram não se pronunciou sobre o assunto nem comentou sobre o caso específico, dizendo apenas que um "problema técnico" havia afetado a plataforma nesta quarta.

"Mais cedo, um problema técnico afetou a experiência dos usuários no Instagram e Threads. Resolvemos o problema o mais rápido possível e nos desculpamos por qualquer inconveniente", diz o comunicado.

"Que bizarro!!! Fiz o teste e realmente aparece", disse uma usuária nos comentários da publicação. Outro perfil acrescentou: "Sim, (pesquisar por) ‘pessoa negra’ também dá o mesmo resultado".

Nos testes feitos pela reportagem, a plataforma estava funcionando normalmente. De acordo com a captura de tela compartilhada por Teresa Cristina, o Instagram exibiu um aviso de conteúdo nocivo, que poderia conter "venda, compra ou negociação de drogas". O aviso ainda adiciona um botão para um link externo de ajuda e a opção de visualizar os resultados mesmo com o aviso.

O alerta foi exibido também para buscas associadas, como "cultura negra", "mulheres negras" e "pele negra". A mensagem dizia: "A venda, compra ou negociação de drogas ilícitas podem prejudicar você e outras pessoas. Além disso, são práticas ilegais na maioria dos países."

Erika Hilton pede que o Ministério Público investigue a empresa e tome "medidas extrajudiciais, judiciais e administrativas cabíveis". "A conduta é absolutamente inaceitável e a empresa detentora das plataformas deve ser responsabilizada", diz um trecho da representação assinada em conjunto com a ativista Amanda Paschoal.

A deputada afirma que a Meta "viola a legislação brasileira ao perpetuar estereótipos e discriminação racial". "É inaceitável que uma rede social com aproximadamente 100 milhões de brasileiros estigmatize e associe as mulheres negras - um quarto da população do nosso País - ao tráfico de drogas de forma automática e emaranhada ao próprio funcionamento da rede social."