Publicado em 25 de outubro de 2025 às 18:53
Na manhã deste sábado (25), familiares retiraram o corpo do próprio velório de um recém-nascido da Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco (AC), ao identificarem que a criança, estimada em cerca de cinco meses de gestação, estava viva e chorando, aproximadamente 12 horas após ter sido declarado natimorto.>
Segundo a médica neonatologista de plantão, Mariana Collodetti, que acompanhou o caso por volta das 10h, o bebê permanece em estado grave devido à extrema prematuridade, mas recebe suporte intensivo conforme protocolo de urgência.>
De acordo com uma nota da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe multiprofissional, o óbito foi oficialmente constatado e comunicado à família, e uma investigação interna foi instaurada para apurar o que ocorreu. O Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) também requisitou esclarecimentos da unidade de saúde. A diretoria da maternidade, sob a gestão da diretora Simone Prado, manifestou “profunda solidariedade à família” e reforçou compromisso com ética, humanização e segurança no atendimento.>
Documentos aos quais este veículo teve acesso indicam que o parto ocorreu na sexta-feira (24), e o laudo médico inicial apontou como causa da morte hipóxia intrauterina, condição em que o feto não recebe oxigênio suficiente durante a gestação. A mãe, residente em Pauini (AM), havia sido transferida para o Acre na quinta-feira (23) em razão de sangramento e foi induzida ao parto na capital acreana, já que a localidade de origem não dispunha de estrutura adequada para o atendimento. A viagem por estrada desde o Amazonas até Rio Branco tem cerca de 260 km de extensão.>
A Polícia Militar do Acre (PM-AC) foi acionada para registrar ocorrência. Conforme o tenente Israel, a equipe medica que havia atestado o óbito não se encontrava no local. Ele relatou que o pai relatou ter ocorrido um nascimento em local inadequado e que serão colhidos depoimentos para que seja produzido boletim informativo e enviado à delegacia, iniciando processo de verificação sobre eventual negligência.>
A nota da Sesacre descreve que, após a constatação dos sinais vitais fora da unidade de saúde, cerca de 12 horas após o primeiro óbito declarado, o bebê prematuro extremo foi imediatamente readmitido e permanece em estado gravíssimo sob acompanhamento contínuo. A apuração interna foi formalmente instaurada para esclarecer todos os fatos com total transparência.>
Diante da gravidade inusitada do evento, um bebê declarado mortalmente prematuro sendo encontrado vivo dentro de seu caixão, o MP-AC reforçou que atuará para assegurar que todas as circunstâncias sejam devidamente apuradas e que, caso sejam identificadas falhas ou omissões de procedimento, as medidas cabíveis serão tomadas.>
Este caso suscita questionamentos sobre os protocolos de verificação de óbito em prematuros extremos, os critérios de prematuridade viável e os mecanismos de erro humano ou técnico em unidades de atendimento neonatal. Situações semelhantes, embora raras, já foram registradas internacionalmente, o que eleva a necessidade de revisão e fiscalização rigorosa dos procedimentos.>
A família busca agora respostas e aguarda que o apelo por transparência resulte em um diagnóstico claro do que ocorreu, para que, ao menos, este episódio sirva de alerta e aprendizado nos sistemas de saúde.>