Pará registra primeiro caso de Gripe K no Brasil; alerta Ministério da Saúde

Identificação do subclado do vírus influenza no Pará ocorre em meio a alerta internacional e não indica, por ora, cenário de maior gravidade.

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 07:20

Gripe K é detectada no Brasil e entra no radar da vigilância epidemiológica
Gripe K é detectada no Brasil e entra no radar da vigilância epidemiológica Crédito: Reprodução

O Brasil registrou a identificação de um caso da chamada gripe K, variação do vírus Influenza A (H3N2), conforme dados do Informe de Vigilância das Síndromes Gripais divulgado pelo Ministério da Saúde. A detecção foi feita a partir de amostras coletadas no estado do Pará e envolve os subclados K e J.2.4, que já vinham sendo observados em outros continentes, como Europa, Ásia e América do Norte.

Segundo a pasta, a circulação do Influenza A sazonal no país já vinha em alta antes mesmo da confirmação desses subclados específicos, o que indica que o cenário atual não representa, necessariamente, uma mudança abrupta no comportamento da doença. Ainda assim, o registro acende o sinal de atenção das autoridades sanitárias, especialmente diante do alerta global emitido recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A OMS chamou a atenção para o aumento de casos de gripe K em países europeus e asiáticos e destacou que surtos de vírus respiratórios podem pressionar os sistemas de saúde. Diante disso, o órgão reforçou a vacinação anual como uma das estratégias mais eficazes para reduzir complicações, internações e mortes associadas à gripe.

Além da Influenza A, o boletim brasileiro também aponta crescimento da Influenza B em estados do Nordeste, como Alagoas e Paraíba, o que demonstra a circulação simultânea de diferentes vírus respiratórios no país.

Apesar do nome diferente, a gripe K não provoca sintomas distintos daqueles já conhecidos pela população. Febre, tosse, coriza, congestão nasal, dor de garganta, dor de cabeça e mal-estar estão entre as manifestações mais comuns. O que muda, segundo especialistas, é a origem genética do vírus, que passou por uma mutação na superfície, dando origem ao subclado K.

A infectologista Rosana Ritchmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Grupo Santa Joana, explica que não há motivo para pânico. De acordo com ela, o maior risco não está no vírus em si, mas nas complicações que podem surgir, principalmente entre pessoas mais vulneráveis. Idosos, gestantes e pacientes imunossuprimidos têm maior chance de evoluir para quadros graves, como pneumonia, desidratação e agravamento de doenças cardíacas ou crônicas.

“A gravidade está nas complicações, não apenas na infecção inicial. É isso que pode levar a hospitalizações e óbitos”, destaca a especialista.

Em relação à prevenção, a vacina contra a gripe continua sendo recomendada. Embora o imunizante possa não impedir totalmente a infecção pelo subclado K, ele oferece proteção importante contra formas graves da doença, reduzindo o risco de internação e morte. Para os casos diagnosticados, o tratamento com antivirais como o oseltamivir segue sendo eficaz, conforme orientação médica.