Publicado em 18 de outubro de 2025 às 10:43
A Delegacia de Homicídio da Capital (DHC) irá investigar o ataque a tiros contra três homens em situação de rua, na madrugada desta sexta-feira (17). Os atiradores desceram de um carro e fizeram disparos contra os homens que estavam embaixo do viaduto do Irajá, na zona norte do Rio, onde moravam com outras pessoas na mesma condição de vulnerabilidade social.>
Dois deles morreram no local e o terceiro foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde está internado em estado grave. Ele foi identificado como Jaílton Matias Anselmo, de 37 anos.>
Policiais militares do Batalhão de Irajá atenderam a ocorrência e isolaram o local para o trabalho da perícia.>
Um dos mortos é Ethervaldo Bispo dos Santos, de 52 anos, natural de Salvador e que sofria de sequelas de um acidente vascular cerebral isquêmico. Ele morava embaixo do viaduto há mais de 10 anos e era conhecido no bairro de Irajá. Ele era percussionista e, devido a sequela da doença, participava dos ensaios do Movimento Afro Cultural Ilu Odara, um bloco afro inspirado nos ritmos de samba afro e reggae.>
O outro morto ainda não foi identificado.>
Movimento Afro Cultural Ilu Odara>
O idealizador do movimento, Lucas Xarará, disse, pela rede social do bloco, ter sido surpreendido com o ataque.>
“Hoje, nós do Movimento Afro Batikum, fomos surpreendidos pela notícia de mais um atentado à população em situação de rua, desta vez, aos moradores que sempre nos acolheram sob o metrô de Irajá”.>
De acordo com Xarará, foi a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro que o informou sobre a morte de Ethervaldo, que era conhecido como Bahia. “Ele não possuía documentação e familiares no Rio. Em momentos de troca conosco, dizia que era natural de Salvador”.>
“Fazemos aqui um apelo a todos amigos, apoiadores e autoridades, que nos ajudem a encontrar familiares ou pessoas que possam reconhecê-lo. Queremos garantir um sepultamento digno, preservar sua memória e prestar a ele o respeito que merece”, destacou.>
“Que este gesto de acolhida e luta seja também uma forma de denunciar a violência e o abandono que recai sobre quem menos pode se defender. Se você tiver qualquer informação, por favor entre em contato com o Movimento Afro Batikum ou com os órgãos competentes”, concluiu o líder do bloco afro.>
Defensoria Pública>
A subcoordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio, Cristiane Xavier, esteve na Delegacia de Homicídios, no Hospital Getúlio Vargas e no Instituto Médico Legal para acompanhar o caso.>
A defensoria vai enviar ofício às autoridades para garantir a preservação de imagens eventualmente captadas por câmeras próximas ao local do crime.>
Já a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) repudiou o ataque a tiros.>
“Temos acompanhado um avanço perigoso de práticas justiceiras e higienistas no Rio. A ausência de políticas públicas sérias, o aumento no número de pessoas em situação de rua e de abrigos insuficientes jamais pode justificar que alguém saia atirando contra essas pessoas”, disse a deputada Dani Monteiro, presidente da comissão.>