Juiz e ex-assessor de Alexandre de Moraes são denunciados por peculato e organização criminosa

Dinheiro pertencia também a idosos portadores de patologias graves

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 11:41

 (O perito Eduardo Tagliaferro e o juiz Peter Eckschmiedt)
 (O perito Eduardo Tagliaferro e o juiz Peter Eckschmiedt) Crédito: Reprodução - Redes Sociais 

O juiz Peter Eckschmiedt, o perito Eduardo Tagliaferro e mais 11 pessoas foram denunciados por peculato e organização criminosa. A denúncia foi oficializada pela Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo (PGJ-SP), na última quarta-feira (3). Tagliaferro é ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, hoje presidente e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele acusa Moraes de fraudar relatórios para justificar uma operação contra empresários bolsonaristas, em 2022, mas Moraes nega.

Conforme a denúncia, o juiz Peter Eckschmiedt idealizou e liderou um esquema para obter vantagens ilícitas e desviar dinheiro em ações que julgava na 2ª Vara Civil de Itapevi, na Grande São Paulo. Em 2024, uma operação deflagrada pela PGJ e Polícia Militar (PM) apreendeu R$ 1,7 milhão que estavam escondidos no sótão da casa do magistrado em Jundiaí, no interior paulista.

Em represália, o juiz Peter Eckschmiedt foi condenado à aposentadoria compulsória após votação unânime, pena considerada mais grave que pode ser aplicada a um magistrado.

Entenda como o esquema operava - A organização comandada pelo juiz Peter montava ações de execução fraudulentas, que falsificava títulos públicos, como notas promissórias e comprovantes de situação cadastral.

Peter manipulava as ações para que elas fossem encaminhadas à 2ª Vara Cível da Comarca de Itapevi. A partir do envio, Peter emitia decisões de bloqueio e desbloqueio de valores. Na sequência, os valores eram transferidos para contas judiciais vinculadas aos processos, envio que beneficiava os fraudadores, principalmente o magistrado, afirma a denúncia.

Conforme a PGJ, Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tinha a função de apagar as informações nos celulares dos envolvidos, tudo para dificultar as investigações.

A PGJ após investigação identificou desvios de valores milionários pertencentes a heranças. O empresário e ex-piloto de Stock Car Alexandre Negrão, morto em 2023, foi uma das vítimas dos criminosos, como indica a apuração da procuradoria.

A defesa do juiz Peter Eckschmiedt se manifestou por meio de nota e acrescentou que “por se tratar de processo sigiloso, se manifestará exclusivamente nos autos do processo, em estrito cumprimento ao trâmite legal e ao direito de defesa”.

“Por ora, nega veementemente os fatos que lhe foram imputados, os quais serão devidamente esclarecidos no momento oportuno, por meio da defesa técnica a ser apresentada nos autos. A defesa reforça o compromisso com a verdade, com o devido processo legal e o respeito às instituições”, diz a nota assinada pelos advogados Paulo Hamilton Siqueira Junior e Paulo Herschander.

Já a defesa de Eduardo Tagliaferro, não se manifestou sobre as acusações até o momento.