Marcha da Maconha reúne milhares de pessoas na Avenida Paulista

Evento deste sábado (14) levou às ruas de São Paulo pautas por liberdade, reparação e legalização da cannabis

Publicado em 14 de junho de 2025 às 20:40

Marcha da maconha reúne milhares de pessoas na Avenida Paulista.
Marcha da maconha reúne milhares de pessoas na Avenida Paulista. Crédito: Paulo Pinto/Agência Brasil

A Avenida Paulista foi tomada por milhares de manifestantes na tarde deste sábado (14) durante a 17ª edição da Marcha da Maconha em São Paulo. Com o lema “O Clima Tá Tenso”, o ato cobrou o fim da criminalização da cannabis no Brasil e trouxe à tona debates sobre liberdade, justiça social e reparação histórica.

Entre os que discursaram e participaram da manifestação estavam o rapper Marcelo D2, nomes ligados ao movimento indígena e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo os organizadores, a marcha teve como foco três eixos principais: liberdade, direito e reparação.

“É um absurdo que, em 2025, a gente ainda esteja marchando para legalizar a maconha. Enquanto boa parte da América do Sul já avançou nesse debate, a gente ainda vive numa distopia, onde o Estado criminaliza e violenta. Essa marcha é um encontro de comunidade, é importante estar aqui”, disse Marcelo D2, que participou ativamente do protesto.

Do lado do MST, o movimento se uniu à causa por ver paralelos entre a luta pela terra e o combate ao racismo estrutural e à violência do Estado. “A juventude tá presente, gritando contra preconceitos e discriminações. Então por que não unir as pautas? A gente levanta a bandeira contra o latifúndio que destrói a natureza e contra o Estado que oprime quem é preto, pobre e da periferia”, afirmou Luciano Carvalho, dirigente estadual do movimento.

A manifestação também teve falas que destacaram o potencial medicinal da planta. Bekoy, mulher de 41 anos e com origem Tupinambá, compartilhou um relato comovente sobre como o óleo de cannabis foi essencial para sua sobrevivência após anos de violência.

“Fui abusada sexualmente até os 32 anos. Eu vivi uma vida inteira de dor. Foi com a maconha que eu consegui me reerguer. Essa planta me salvou. Por isso estou aqui hoje. Pela legalização. Pela vida”, afirmou.

Os organizadores da marcha explicam que:

- Liberdade se refere ao direito de usar cannabis sem repressão.

- Direito diz respeito à regulamentação legal da planta.

- Reparação aborda os efeitos sociais da guerra às drogas, especialmente sobre jovens negros e periféricos, muitas vezes presos injustamente sob a acusação de tráfico.

A Marcha da Maconha em São Paulo é uma das maiores do país e, neste ano, ocorreu num contexto de debates mais intensos sobre a descriminalização da posse de drogas para uso pessoal no Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda assim, a cannabis segue ilegal no Brasil, apesar do avanço de regulamentações para uso medicinal e da pressão popular crescente.

Com cartazes, música e palavras de ordem, o protesto seguiu em clima pacífico e contou com apoio de coletivos de saúde mental, ativistas LGBTQIA+ e representantes de comunidades tradicionais. A reivindicação é clara: legalizar para reparar.

Com informações: Agência Brasil