Publicado em 1 de agosto de 2025 às 17:38
Na reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes fez críticas à atuação internacional do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Sem citar nomes diretamente, Moraes associou as movimentações do parlamentar nos Estados Unidos a uma nova tentativa de desestabilizar o Estado Democrático de Direito no Brasil, comparando-as ao contexto do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília.>
Durante seu discurso, Moraes afirmou que a estratégia golpista se repete: “Antes eram acampamentos em frente a quartéis, agora vemos articulações externas para gerar instabilidade econômica, social e política, visando a abertura de um novo caminho para a ruptura institucional”, disse.>
As declarações ocorrem em meio à recente decisão do governo norte-americano de Donald Trump, que impôs tarifas de 50% a produtos brasileiros e anunciou sanções financeiras contra o próprio Moraes. O gesto foi comemorado publicamente por Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside nos Estados Unidos, alegando sofrer perseguição política no Brasil. O deputado chegou a agradecer Trump pelas medidas, que vieram acompanhadas de uma carta mencionando o processo criminal contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar derrubar a ordem democrática.>
Segundo Moraes, a conduta de aliados do ex-presidente configura “atos de traição”, além de possíveis crimes como coação, obstrução de investigação e atentado à soberania nacional. O ministro também denunciou ameaças e intimidações dirigidas a membros do STF e seus familiares, classificando os envolvidos como “milicianos do submundo do crime”.>
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) reforçou as acusações ao protocolar uma ação no STF apontando que Eduardo Bolsonaro estaria liderando uma campanha para enfraquecer as investigações contra Jair Bolsonaro. O documento destaca que já há indícios suficientes para responsabilizar o parlamentar por tentar interferir no curso das investigações, inclusive com apoio internacional.>
A repercussão das sanções americanas e da fala de Moraes expõe a tensão entre as instituições brasileiras e figuras alinhadas ao bolsonarismo, agora com reflexos na política externa. Mesmo com a intensidade do discurso e o alerta sobre riscos à democracia, especialistas avaliam que as sanções financeiras contra o ministro do STF têm efeitos limitados e não devem alterar significativamente o cenário jurídico brasileiro.>
Além de Moraes, também se manifestaram na sessão o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, os ministros Gilmar Mendes e Paulo Gonet, além do advogado-geral da União, Jorge Messias, todos em defesa da democracia e das instituições brasileiras diante do que classificaram como ataques orquestrados contra a soberania nacional.>
Com informações da Agência Brasil.>