Pais de criança autista denunciam que filho foi amarrado e sedado em escola do Distrito Federal

O garoto teria sido amarrado e sedado dentro do colégio, após um quadro de agitação, comum a pessoas diagnosticadas.

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 11:54

Criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Crédito: Ilustração/Pixabay

Os pais de uma criança de 7 anos, estudante de uma escola pública de Brasília, registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para denunciar um suposto caso de maus-tratos contra o filho, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). O garoto teria sido amarrado e sedado dentro do colégio, após um quadro de agitação, comum a pessoas diagnosticadas.

O caso ocorreu na Escola Classe 102 Sul, que diante da crise de agitação do menino, a direção do colégio acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que conteve a criança fisicamente e a levou ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), sem o conhecimento dos responsáveis, na última quarta-feira, 14. A mãe do menino só teria sido avisada pela instituição de ensino quando o menino já estava na ambulância, a caminho da unidade de saúde.

A mãe do menino, identificada como Tatiana Sarkis de Oliveira, 43 anos, disse que chegou ao Hmib e encontrou os demais pacientes assustados com a cena do filho dela chegando ao local, amarrado e sedado. Ela relatou que, ainda na escola, o menino foi amarrado pelos braços e pelas pernas, antes de colocado dentro da ambulância.

Ainda segundo a mãe, quando encontrou o filho no hospital, o menino estava desesperado ao acordar. “Ele me disse: ‘Socorro, mamãe. Me amarraram, arrastaram, eu pedi para pararem, mas eu nem parecia gente. Me deram duas injeções. Eu estou no inferno?'”, teria comentado a criança.

Tatiana relatou que a escola e o orientador educacional chegaram a criticá-la por não medicar a criança, e a acusaram de negligência e falta de preparo.

A mãe já denunciou o caso à Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e ao Conselho Tutelar. “A comissão da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] também me informou que o caso será judicializado. Então, sinto que não estou mais tão sozinha quanto achava. Isso é um absurdo, inaceitável, cruel e desumano”, afirmou.

Despreparo da escola

Tatiana acrescentou que a escola havia demonstrado despreparo desde o início do ano letivo, supostamente com “falta de empatia” e poucas práticas inclusivas no colégio. “No dia em que fui levar o encaminhamento e a documentação da matrícula do meu filho, fui recebida pela pedagoga da escola, que me disse ser melhor que eu voltasse à Coordenação Regional de Ensino e pedisse a matrícula em outra escola, porque eles não seriam capazes de nos atender. Ainda me disseram que a turma para a qual ele foi encaminhado poderia receber até 30 alunos, porque lá não tem equipe preparada, nem câmeras ou sala de recursos; que a turma para que a regional o encaminhou não era inclusiva; e que a escola não me atenderia da forma que eu queria”, completou.