Publicado em 11 de agosto de 2024 às 21:03
Mais tradicional que a festa de abertura, a cerimônia que encerrou os Jogos Olímpicos de Paris-2024, neste domingo, no Stade de France, foi em parte entediante e arrastada e teve bronca da organização aos atletas. A passagem da bandeira olímpica para Los Angeles, a próxima sede, em 2028, foi feita ao som de Red Hot Chili Peppers, Billie Eilish e Snoop Dogg, e também teve a aparição do ator Tom Cruise. >
A cerimônia largou com uma apresentação musical em formato de ode à cidade-sede dos Jogos. A cantora francês Zaho de Sagazan e o coral da Academia Haendel-Hendrix cantaram a famosa "Sous le ciel de Paris", de Edith Piaf, para abrir o espetáculo. >
O primeiro ato teve o Jardim das Tulherias, ao lado do Louvre, como palco. A chama olímpica iniciou seu trajeto a Saint-Denis pelas mãos do nadador francês Léon Marchand, que faturou quatro ouros e um bronze nessa edição dos Jogos. Foi ele o responsável por apagar a chama olímpica, que iluminou o céu parisiense por mais de duas semanas. >
Então, a festa se voltou para o estádio olímpico. Foram apresentados os presidentes Emmanuel Macron, da França, e Thomas Bach, do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seguida, uma orquestra tocou o hino nacional francês e os porta-bandeiras entraram no Stade de France. >
Ana Patrícia e Duda, campeãs no vôlei de praia, foram as responsáveis por levar o estandarte brasileiro - tradicionalmente, um homem e uma mulher carregam a bandeira de seu país, mas o COI acatou pedido do COB para que duas mulheres portassem o símbolo nacional. Elas percorreram por alguns minutos o palco, no centro do estádio, montado para ser a representação de um mapa-múndi. A delegação brasileira esteve esvaziada, uma vez que a maior parte dos 289 atletas já havia ido embora. >
Bangladesh, Ilhas Cayman, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Guiné Equatorial, Kuwait, Líbia, Liechtenstein, Macedônia do Norte, Malawi, Mauritânia, Micronésia, Montenegro, Omã, Catar, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Síria e Vietnã não tiveram atletas na cerimônia. Voluntários carregaram a bandeira desses países. Quando a música abaixava, ouvia-se os franceses entoando o famoso grito Allez les Bleus. >
A festa seguiu com o pódio da maratona feminina, prova que concluiu pela primeira vez uma edição de Jogos Olímpicos, marcados pela paridade de gênero entre os atletas. A holandesa Sifan Hassan levou o ouro, a etíope ficou com a prata e a queniana Hellen Obiri ganhou o bronze. Houve destaque para a Marathon Pour Tous - Maratona Para Todos - corrida aberta pela pessoas comuns, que percorreram o mesmo percurso da maratona disputada pelos atletas de elite. >
TEATRO, TÉDIO E INVASÃO >
Planejada por Thomas Jolly, diretor artístico também do evento de abertura, a cerimônia como espetáculo artístico que fechou os Jogos de Paris começou depois de 1h15, assim que as luzes se apagaram e o estádio virou um teatro. O estádio se tornou um show de luzes à medida que piscaram nas arquibancadas milhares de pulseiras de LED - semelhante às dos shows do Coldplay - distribuídas pelos organizadores. >
Do céu, surgiu um viajante dourado. O misterioso personagem pousou no palco ao som de Clément Mirguet e carregou a bandeira da Grécia, em um tributo ao país onde nasceram os Jogos Olímpicos, há 2.800 anos. A prometida ligação entre passado, presente e futuro por Jolly durante o evento envolveu o encontro entre o viajante dourado e Nike, a deusa da vitória associada aos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Ela foi representada como uma entidade. >
Um piano suspenso verticalmente tocado por Alain Roche, acompanhado pelo cantor de ópera Benjamin Bernheim, executou o hino a Apolo, descoberto nas ruínas de Delfos e apresentado em 1894 no congresso que definiu o renascimento das Olimpíadas. >
O explorador dourado misterioso saiu de cena assim que foram o último aro subiu para formar os anéis olímpicos, unidos e elevados posteriormente no centro do estádio, ganhando vida em um balé coreográfico de Kevin Vivès. >
Enquanto a televisão apresentava imagens marcantes dos Jogos de Paris, os atletas correram em direção aos palcos, mas foram convidados pela organização a deixar o local para a retomada da cerimônia, com um show da banda francesa Phoenix, que começou atrasado justamente devido a essa invasão. Angele, Kavinsky, Air, Vannda, e Ezra Koenig foram outros artistas a se juntar ao grupo Phoenix. >
DISCURSO ARRASTADO >
O ex-canoísta francês Tony Estanguet, presidente do comitê organizador, subiu ao palco para um discurso ligeiro. Falou em "feriado nacional" com cada medalha conquistada pela França - foram 64, que garantiram a quinta colocação ao país no quadro de medalhas - e disse estar orgulhoso do que fez e do que viu em Paris. "Nunca senti tanto orgulho de ser francês. Juntos, mostramos a mais bela face do nosso país", afirmou. >
Thomas Bach retornou e, ao contrário de Estanguet, demorou pelo menos dez minutos no púlpito. "Os Jogos Olímpicos foram mais jovens, mais urbanos, mais inclusivos, mais sustentáveis", disse o dirigente alemão, que está na iminência de deixar a presidência do COI. "Foram Jogos de uma nova era em todos os aspectos, e vocês (franceses) podem ficar orgulhosos disso". >
Seis atletas medalhistas olímpicos representaram os cinco continentes no palco, ao lado de Bach e Estanguet, além da equipe de refugiados: a superestrela do judô Teddy Riner (Europa), a nadadora australiana Emma McKeon (Oceania), a mesatenista chinesa Sun Yinghsa (Ásia), o maratonista queniano Eliud Kipchoge (África), o cubano Mijaín López (Américas), pentacampeão olímpico no wrestling e Cindy Ngamba, boxeadora responsável pela primeira medalha da equipe de refugiados na história. >
PASSAGEM DA BANDEIRA OLÍMPICA A LOS ANGELES-2028 >
No fim do evento, a bandeira olímpica de Paris foi passada a Los Angeles, com uma sequência protagonizada pelos organizadores americanos dos Jogos de 2028. Foram mais ou menos 30 minutos dedicados à apresentação das próximas Olimpíadas, praxe em toda cerimônia de encerramento. >
A Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass se juntaram para a ocasião. Hidalgo entrou a bandeira olímpica a Bach, que repassou a Bass, esta que estava ao lado de Simone Biles, fenômeno da ginástica. Apresentaram-se, então, as estrelas americanas, começando por H.E.R. Foi ela, ganhadora cinco vezes do Grammy, a escolhida para cantar o hino dos Estados Unidos. >
Depois entrou em cena, como se estivesse em Missão Impossível, o ator Tom Cruise. Ele carregou a bandeira Olímpica e seguiu de moto, à la "Top Gun", em uma transição em vídeo. A jornada continuou ao som de Red Hot Chili Peppers, que, porém, não esteve em Paris. Quem foi ao Stade de France viu do telão a apresentação da banda de rock, que cantou de "Venice Beach", uma das mais famosas praias de Los Angeles. Lá também estava Billie Eilish, jovem cantora pop que é da Califórnia. >
Snoop Dogg foi o último astro da música americana a tocar. Curiosamente, o rapper também cantou à distância, na praia californiana, e não ao vivo no Stade de France. Ele foi "garoto propaganda" de Paris-2024 e curtiu como poucos os Jogos na capital francesa. >
Depois, Léon Marchand, astro da natação francesa, retornou. Ele foi incumbido de voltar com a chama olímpica. O presidente do COI apagou a chama e decretou o fim dos Jogos Olímpicos de Paris, encerrados com um último número musical protagonizado pela cantora Yseult. Ela cantou "My Way", música de Frank Sinatra que tem forte vínculo entre a França e os Estados Unidos Seguiram-se à sua apresentação os fogos de artifícios para sinalizar que a festa acabou depois de três horas. >
NÚMEROS DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO DE PARIS-2024 >
71,5 mil espectadores >
9 mil atletas e staff >
9 mil pessoas mobilizadas >
2,4 mil metros quadrados de palco >
205 delegações >
270 artistas >
35 dias de ensaios >
Com informações de Estadão Conteúdo >