PF aponta movimentações suspeitas de quase R$ 29 milhões ligadas a assessores de deputados do PL

Relatório enviado ao STF embasa operação que apura possível uso de empresas de fachada para desvio de cota parlamentar.

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 12:25

PF aponta movimentações suspeitas de quase R$ 29 milhões ligadas a assessores de deputados do PL
PF aponta movimentações suspeitas de quase R$ 29 milhões ligadas a assessores de deputados do PL Crédito: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

A Polícia Federal identificou indícios de movimentações financeiras consideradas atípicas e sem explicação plausível que somam R$ 28,6 milhões envolvendo assessores parlamentares, funcionários partidários e pessoas próximas a dois deputados federais do Partido Liberal (PL). As informações constam em um relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tornaram-se públicas nesta sexta-feira (19), após a retirada do sigilo pelo ministro Flávio Dino, relator do caso.

O documento fundamenta a Operação Galho Fraco, deflagrada no mesmo dia, que teve entre os alvos os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). A ação contou com autorização do STF e manifestação favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Ao todo, agentes da PF cumpriram sete mandados de busca e apreensão, que incluíram diligências em residências, veículos e gabinetes ligados aos parlamentares. Em uma das propriedades relacionadas a Sóstenes Cavalcante, atual líder do PL na Câmara dos Deputados, os investigadores localizaram cerca de R$ 400 mil em dinheiro vivo, segundo informações preliminares da apuração.

As investigações apontam suspeita de um esquema envolvendo locadoras de veículos supostamente utilizadas como empresas de fachada. De acordo com a PF, essas empresas teriam sido usadas para simular contratos e justificar gastos com a cota parlamentar, verba pública destinada ao custeio das atividades dos mandatos, como transporte e manutenção de gabinetes.

A análise financeira identificou transferências consideradas incompatíveis com a renda declarada dos envolvidos, levantando suspeitas de desvio de recursos públicos por meio de contratos fictícios ou superfaturados.

Após a operação, o deputado Carlos Jordy se manifestou nas redes sociais, negando irregularidades e alegando perseguição política. Em publicação, afirmou que a ação ocorreu no dia do aniversário de sua filha e atribuiu a decisão diretamente ao ministro relator do caso no Supremo.

Até a última atualização desta reportagem, o deputado Sóstenes Cavalcante ou sua defesa não haviam se pronunciado oficialmente. A Polícia Federal segue com as investigações para aprofundar a análise dos fluxos financeiros e esclarecer a origem dos valores identificados.

Com informações da Agência Brasil.