PF desarticula esquema de vazamento de operações e prende dois PMs ligados ao Comando Vermelho no Rio

Militares são suspeitos de repassar informações estratégicas ao crime organizado.

Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 12:26

PF desarticula esquema de vazamento de operações e prende dois PMs ligados ao Comando Vermelho no Rio
PF desarticula esquema de vazamento de operações e prende dois PMs ligados ao Comando Vermelho no Rio Crédito: Reprodução/PF

A Polícia Federal prendeu, nesta segunda-feira (08), dois policiais militares suspeitos de integrar um esquema de vazamento de informações que favorecia lideranças do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. As detenções ocorreram durante a Operação Tredo, que mobilizou equipes da PF, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Corregedoria da PM, com ações tanto na capital quanto no município de Mesquita, na Baixada Fluminense.

As apurações apontam que o 2º sargento Rodolfo Henrique da Rosa, integrante do próprio Bope, mantinha contato direto com Carlos da Costa Neves, conhecido como Gardenal, apontado como gerente-geral do tráfico no Complexo da Penha e uma das figuras centrais na expansão da facção para a região de Jacarepaguá. O policial era responsável por organizar escalas de equipes do batalhão em operações, o que facilitava o repasse de dados estratégicos aos criminosos. O segundo preso é o PM Luciano da Costa Ramos Junior.

Para desmontar a rede, a Justiça expediu 11 mandados de prisão e seis de busca e apreensão. Entre os alvos ainda procurados estão Gardenal e Edgar Alves de Andrade, o Doca, considerado pela PF a principal liderança do Comando Vermelho em liberdade.

A investigação que resultou na Operação Tredo teve origem há um ano, após informações obtidas na Operação Buzz Bomb, deflagrada em setembro de 2024. Na ocasião, agentes identificaram a participação de um militar da Marinha no fornecimento de drones e no treinamento de integrantes da facção. A partir desse material, os investigadores mapearam policiais que, segundo a PF, alertavam criminosos sobre operações planejadas em áreas sob domínio do grupo.

De acordo com a corporação, o vazamento permitia que traficantes se antecipassem às incursões, ajustando estratégias para dificultar a atuação das forças de segurança e até emboscar equipes. Os envolvidos devem responder por organização criminosa armada, corrupção ativa e passiva, homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e violação de sigilo funcional.

A ação integra a Missão Redentor 2, programa da PF destinado ao combate de facções criminosas no estado. O nome da operação faz referência ao termo “tredo”, expressão usada para descrever alguém que trai a confiança de seus pares.