PF faz operação contra desvios do INSS: senador é alvo e secretário da Previdência é preso

Ação autorizada pelo STF investiga descontos ilegais em aposentadorias e pensões; senador Weverton Rocha é alvo de buscas e prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões.

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 08:25

Operação apura esquema de descontos irregulares no INSS - 
Operação apura esquema de descontos irregulares no INSS -  Crédito: Fabio Rodigues Pozzebom/Agência Brasil

A Polícia Federal realizou, nesta quinta-feira (18), mais uma etapa da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de alcance nacional envolvendo descontos irregulares aplicados em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entre os alvos de mandados de busca e apreensão está o senador Weverton Rocha (PDT-MA).

No desdobramento da operação, o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, foi afastado do cargo e teve prisão domiciliar decretada. Após a decisão judicial, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, determinou a exoneração do auxiliar. A PF também efetuou a prisão de Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, que já estava preso desde setembro por envolvimento no mesmo esquema, além de Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis.

As investigações apontam que, entre 2019 e 2024, um grupo criminoso teria realizado cobranças mensais indevidas diretamente nos benefícios previdenciários, sem autorização dos segurados. O prejuízo estimado pode chegar a R$ 6,3 bilhões. O esquema foi revelado inicialmente em abril, durante a primeira fase da operação.

Em nota, o senador Weverton Rocha afirmou ter recebido com surpresa o cumprimento do mandado em sua residência, mas disse encarar a situação com tranquilidade e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos assim que tiver acesso integral à decisão judicial.

A operação é conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e cumpre 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares. As ações ocorrem nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

De acordo com as apurações, os investigados simulavam a filiação de aposentados e pensionistas a associações, autorizando descontos mensais sem o conhecimento dos beneficiários. As entidades alegavam oferecer serviços como assistência jurídica e convênios com academias e planos de saúde, mas, segundo a CGU, não possuíam estrutura para tais atividades.

Ao todo, 11 entidades foram alvo de medidas judiciais, e os contratos firmados com aposentados e pensionistas foram suspensos. A crise provocada pelas investigações levou à saída do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que pediu demissão. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que anteriormente ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta.