Quem era o líder do CV no Amazonas que fazia plásticas para escapar da polícia

Segundo a Polícia Federal, Alan passou por diversas cirurgias plásticas nos últimos anos, um investimento para alterar traços do rosto e dificultar o reconhecimento por autoridades

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 07:55

Alan do Índio 
Alan do Índio  Crédito: Reprodução 

O nome de Alan Sérgio Martins Batista, conhecido como “Alan do Índio”, já circulava entre as principais investigações sobre o tráfico de drogas na Região Norte. Aos 37 anos, o homem apontado como líder do Comando Vermelho (CV) no Amazonas virou símbolo de uma nova geração de criminosos que aliam luxo, tecnologia e disfarces sofisticados para escapar da polícia.

Segundo a Polícia Federal, Alan passou por diversas cirurgias plásticas nos últimos anos, um investimento para alterar traços do rosto e dificultar o reconhecimento por autoridades. O disfarce fazia parte de uma estratégia mais ampla: ele também usava documentos falsos, fazia viagens internacionais e controlava as operações da facção a partir do Rio de Janeiro, onde levava uma vida de aparente conforto.

O narcotraficante é um dos alvos da Operação Xeque-Mate, deflagrada pela PF na última segunda-feira (6), com o objetivo de desarticular o núcleo do CV no Amazonas. Três pessoas foram presas — entre elas, a companheira de Alan, Cristina Nascimento. Ele, porém, segue foragido.

Durante o cumprimento dos mandados, a polícia encontrou joias, relógios e artigos de luxo em um condomínio de alto padrão em Manaus, que seria um dos endereços ligados ao traficante.

A trajetória de “Alan do Índio” começou há mais de uma década. Ele foi preso em 2017, suspeito de negociar armas com facções de outros estados, mas ganhou liberdade e passou a expandir sua influência dentro do tráfico regional. Desde então, passou a usar a aparência modificada e empresas de fachada para movimentar o dinheiro do crime.

De acordo com o superintendente da PF no Amazonas, João Paulo Garrido Pimentel, as investigações revelaram que Alan usava criptomoedas e laranjas para lavar recursos oriundos do tráfico. A Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 122 milhões em bens e valores ligados ao grupo.

A Operação Xeque-Mate nasceu a partir da apreensão de mais de duas toneladas de drogas em uma embarcação no interior do Amazonas, carga que seria de responsabilidade do núcleo comandado por Alan.

Com fama de discreto e obcecado por segurança, o traficante teria adotado um estilo de vida que misturava ostentação e paranoia: plásticas, viagens estratégicas, tecnologia de ponta e uma rede de proteção. Mesmo foragido, ele ainda é visto pela PF como uma das figuras mais influentes do crime organizado na região Norte.