São Paulo registra nova morte por ingestão de metanol

Estado confirma o segundo óbito por intoxicação e já investiga dezenas de casos enquanto força-tarefa apreende bebidas e interdita locais suspeitos.

Publicado em 4 de outubro de 2025 às 20:26

São Paulo registra nova morte por metanol e intensifica combate contra bebidas adulteradas
São Paulo registra nova morte por metanol e intensifica combate contra bebidas adulteradas Crédito: SANDRO ARAÚJO/AGÊNCIA SAÚDE DF

O governo paulista confirmou, na tarde deste sábado (04), o segundo óbito causado por intoxicação por metanol no estado, ambos na capital, enquanto ao menos sete mortes permanecem sob investigação. O caso atual desenha um cenário de tensão: entre confirmados e suspeitos, o total de pessoas afetadas já soma 162 notificações. A força-tarefa montada para enfrentar o fenômeno intensifica operações de fiscalização, apreensões e prisões.

Do total, 14 casos foram validados pela Secretaria de Saúde estadual como intoxicações provocadas pela substância, sendo duas fatais. Os outros 148 casos estão sob análise, dos quais sete evoluíram para óbito em investigação, ainda não confirmados. Na capital, os dois falecidos já se somam às apurações que envolvem diferentes regiões.

Desde o início do ano, a Polícia Civil de São Paulo efetuou 41 prisões em operações contra a adulteração de bebidas alcoólicas, número que saltou de 30 para 41 em somente um dia. As detenções ocorreram em cidades como São Paulo, Diadema, Santo André, Jacareí e Jundiaí. Além disso, unidades da vigilância sanitária interditaram 11 estabelecimentos, total ou parcialmente, como parte das investigações. Garrafas, rótulos e outros materiais suspeitos também foram apreendidos em grande quantidade.

O uso de metanol em bebidas é uma prática especialmente perigosa. Consumido, ele é transformado no corpo em compostos como formaldeído e ácido fórmico, agentes tóxicos que podem causar danos graves, desde cegueira até morte. Os sintomas mais comuns incluem visão turva, náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese. Quanto mais cedo for identificada a intoxicação e iniciado o tratamento médico, menores as chances de complicações graves.

Para situações de suspeita, recomenda-se contatar:

• Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001

• CIATox local ou do estado

• Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733

A identificação de pessoas que consumiram a mesma bebida também é crucial para receberem avaliação imediata.

Em meio ao surto, o governo federal instalou uma Sala de Situação, que vai coordenar ações nacionais de vigilância e resposta. Até o momento, foram notificados 43 casos suspeitos no país, sendo 39 em São Paulo e 4 em Pernambuco, além de 1 morte confirmada e sete em investigação. A expectativa das autoridades é de que o número de notificações, já fora da média anual típica, possa aumentar com o aprofundamento das apurações.

Diante da emergência, o estado criou um gabinete de crise envolvendo Saúde, Segurança, Justiça, Fazenda e Vigilância Sanitária. Foram anunciadas medidas como interdição cautelar de estabelecimentos implicados, intensificação das operações policiais e fortalecimento dos canais de denúncia, como o disque 181 e o Procon-SP. Também há empenho para os laboratórios estaduais emitirem resultados com rapidez, em até uma hora, a partir das amostras coletadas.

O histórico do Brasil registra episódios graves semelhantes: no início da década de 1990, casos em São Paulo e na Bahia já haviam sido atribuídos à circulação de bebidas adulteradas com metanol. Na Bahia, por exemplo, dezenas de pessoas morreram após ingestão de cachaças falsas, episódio que ficou conhecido como “cachaça da morte”.