STF afasta procurador-geral do Maranhão por descumprir decisão contra nepotismo

Alexandre de Moraes acusa Valdênio Caminha de agir para inviabilizar ordem que suspendeu nomeações de parentes de autoridades estaduais.

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 14:59

Alexandre de Moraes, ministro e presidente da Corte do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes, ministro e presidente da Corte do Supremo Tribunal Federal Crédito: Antônio Augusto - STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (15), o afastamento imediato de Valdênio Caminha do cargo de procurador-geral do Maranhão. A decisão também impede o advogado de exercer qualquer função pública nos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Segundo Moraes, Caminha participou “de forma deliberada” do descumprimento de uma liminar que barrava nomeações no governo estadual. O ministro apontou que o procurador-geral adotou medidas que “atrasaram ou tornaram inócuas” determinações da Corte.

A ordem judicial tem origem em abril deste ano, quando o próprio Moraes suspendeu a nomeação de cinco pessoas ligadas ao governador Carlos Brandão (PSB) por indícios de nepotismo. Na ocasião, o ministro reforçou que a decisão não autorizava a permanência nos cargos nem garantia pagamento de salários após a suspensão.

Entre os nomes vetados estavam:

• Ítalo Augusto Reis Carvalho – subsecretário da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) e conselheiro da Maranhão Parcerias (Mapa);

• Mariana Braide Brandão Carvalho – coordenadora da Unidade Sorrir da Secretaria de Saúde (SES);

• Melissa Correia Lima de Mesquita Buzar – subsecretária da Secretaria de Administração (Sead);

• Gilberto Lins Neto – diretor-presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap);

• Elias Moura Neto – gerente de qualidade e planejamento da Companhia de Gás do Maranhão (Gasmar).

O afastamento de Caminha foi solicitado pelo partido Solidariedade, que também apontou possível conflito de interesse: o filho do procurador-geral, Marcos Antônio Canário Caminha, atuaria informalmente na assessoria jurídica da Emap, uma das estatais envolvidas no caso.

A decisão reforça a postura do STF contra práticas de nepotismo e amplia a pressão sobre o governo maranhense, que já enfrenta críticas pela quantidade de indicações de aliados e familiares para cargos estratégicos.