Publicado em 10 de setembro de 2025 às 18:25
O julgamento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ganhou novo capítulo nesta semana no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Luiz Fux votou pela condenação do militar apenas pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, afastando outras quatro acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República. Para ele, não houve elementos suficientes para enquadrar Cid em golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa armada.>
Apesar da decisão parcial, Fux destacou a gravidade das ações atribuídas ao réu, especialmente a sua participação em reuniões clandestinas com militares, nas quais circulavam informações sobre uma minuta golpista e monitoramentos contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o magistrado, as provas revelam que Cid não apenas tinha ciência dos planos como também colaborava ativamente, repassando atualizações a seus aliados.>
Em seu voto, o ministro citou indícios de que Mauro Cid teria conhecimento do chamado “plano Copa 2022”, que previa ações extremas como o sequestro e assassinato de autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. “Julgo procedente em parte o pedido de condenação do réu Mauro César Barbosa Cid, condenando pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, porque ele praticou atos executórios”, afirmou Fux.>
Outro ponto destacado foi a confissão do próprio Cid sobre o recebimento de R$ 100 mil das mãos do general Braga Netto, valor posteriormente entregue ao coronel Jean Lawand de Oliveira. Para Fux, a versão apresentada pelo réu de que desconhecia a destinação dos recursos é “incompatível com a realidade”. “Não é crível o colaborador ter solicitado os R$ 100 mil, recebido o montante e repassado ao coronel sem saber para qual operação criminosa seria destinado”, disse o ministro.>
Até agora, Alexandre de Moraes e Flávio Dino já haviam se manifestado pela condenação de Mauro Cid em todos os cinco crimes da denúncia. O julgamento prossegue no STF, com expectativa de novos votos nos próximos dias.>