Tentativa de manipular delação leva PGR a pedir prisão preventiva de coronel

Militar voltou à prisão após desrespeitar medidas cautelares e buscar informações sigilosas de colaboração premiada.

Publicado em 27 de julho de 2025 às 20:45

Tentativa de manipular delação leva PGR a pedir prisão preventiva de coronel
Tentativa de manipular delação leva PGR a pedir prisão preventiva de coronel Crédito: Reprodução/Redes Sociais

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a manutenção da prisão preventiva do coronel Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, há indícios de que o militar tentou interferir no acordo de colaboração premiada do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o que configura risco à instrução criminal.

O pedido da PGR destaca que Câmara teria tentado acessar dados sigilosos da delação de Cid, para questionar sua validade judicial. A manobra, conforme Gonet, representa uma ameaça concreta à aplicação da lei penal e justifica a continuidade da prisão. “A busca por informações protegidas por sigilo, com fins de anular a colaboração, compromete o andamento regular das investigações”, argumentou o procurador-geral.

O militar havia sido beneficiado com liberdade provisória em maio de 2025, com imposições como a proibição de uso de redes sociais e contato com outros investigados. No entanto, em junho, Moraes determinou seu retorno à prisão, após constatar o descumprimento das restrições. A própria defesa do coronel anexou documentos que comprovaram a troca de mensagens com Mauro Cid, evidenciando a quebra das medidas impostas.

Em sua justificativa, Marcelo Câmara alegou que as conversas entre seu advogado e Mauro Cid teriam sido encerradas em março deste ano, antes das restrições impostas pelo STF. Ainda assim, a PGR sustentou que o conteúdo das conversas e o objetivo de obter informações reservadas da delação premiada tornam o ato grave o suficiente para manter a prisão.

Marcelo Costa Câmara já havia sido preso entre janeiro e maio de 2024, acusado pela Polícia Federal de envolvimento em um plano golpista que previa, entre outras ações, o monitoramento e possível execução de autoridades, incluindo o próprio ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin.

Em fevereiro deste ano, o coronel foi formalmente denunciado pela PGR pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano ao patrimônio da União e deterioração de bem tombado, entre outros. As acusações consideram ainda o concurso de pessoas e o concurso material entre os crimes.