Publicado em 6 de junho de 2025 às 08:41
O humorista Léo Lins, conhecido por seu humor ácido e sem filtros, virou alvo de uma das decisões mais controversas da Justiça brasileira nos últimos tempos. Condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas feitas em um show de stand-up, o comediante se pronunciou em vídeo e não poupou críticas à sentença, que, segundo ele, foi embasada até por conteúdo da Wikipedia.
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“Isso não é uma piada”, disparou. “A juíza usou a Wikipedia como base teórica pra me condenar.”>
No vídeo publicado nas redes, Lins aparece fora do personagem que costuma interpretar nos palcos. De maneira sóbria, ele fala como Leonardo Borges Lins, cercado pelos gatos em casa, para explicar por que considera a decisão absurda e perigosa.>
Comédia ou crime? O limite que virou caso de Justiça>
O humorista foi condenado por piadas consideradas discriminatórias feitas durante um show. A decisão, além da pena de prisão, prevê o pagamento de quase R$ 2 milhões em multa. Para ele, isso representa uma ameaça direta à liberdade artística e à própria essência do humor.>
“Na comédia usamos hipérbole, ironia, metáfora. O texto é uma construção estética, não literal. Isso não é uma opinião minha, é um conceito aceito internacionalmente por estudiosos como Simon Critchley”, argumentou.>
Wikipedia como referência jurídica>
O ponto que mais revoltou Léo Lins foi o trecho da sentença que, segundo ele, cita a Wikipedia como uma das referências para justificar a condenação.>
“Imagina um juiz te acusando de homicídio e buscando provas na Wikipedia. Se isso não assusta, deveria”, ironizou.>
Ele também questionou o entendimento da juíza de que o conteúdo do show não representaria um personagem em cena, mas sim o próprio Léo “de verdade” discursando.>
“Apesar de haver texto, edição, cenário, figurino e estar em um palco, parece-nos não se tratar de um personagem”, escreveu a magistrada, segundo Lins. Para o humorista, isso ignora totalmente o contexto artístico da apresentação.>
Um ataque à comédia ou um limite necessário?>
O caso reacende uma discussão sensível no país: há ou não limites para o humor? E mais: quando uma piada vira crime?>
Para Léo Lins, o episódio vai muito além de sua figura. “Estamos vivendo uma epidemia de cegueira racional. Tudo é julgado por emoção. Hoje é comigo, amanhã pode ser com qualquer um”, disse.>
A sentença gerou reações intensas nas redes sociais, de apoio à condenação até manifestações em defesa da liberdade artística. O debate está lançado: o Brasil está punindo o humor ou combatendo o discurso de ódio?>