Publicado em 24 de junho de 2025 às 20:14
A população de animais de estimação nos lares brasileiros já ultrapassa 149 milhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Desse total, 20% são considerados idosos. Com os avanços na medicina veterinária e a crescente atenção dos tutores, cães e gatos, especialmente, estão vivendo cada vez mais. >
Em média, os felinos vivem de 14 a 15 anos. Aqueles que são cuidados e passam a maior parte do tempo dentro de casa tendem a ter uma vida mais longa, podendo ultrapassar os 20 anos. No caso dos cães, a média fica entre 10 e 13 anos, dependendo do porte do animal, com alguns alcançando entre 18 e 20 anos. >
Essa longevidade tem relação direta com o espaço afetivo que os animais ocupam, sendo considerados parte da família, refletindo na forma como são cuidados. “A medicina veterinária evoluiu, mas o olhar mais atento dos tutores, principalmente após a pandemia, também tem sido fundamental para aumentar o tempo de vida dos pets “, explica Leonardo Veiga, professor do curso de Medicina Veterinária da UniSociesc. >
Leonardo Veiga destaca que o cuidado preventivo deve começar desde cedo, para o animal chegar à velhice o mais saudável possível. As visitas regulares ao veterinário e os check-ups periódicos são fundamentais para manter a saúde dos pets . “É importante que a ida ao consultório seja realizada, pelo menos, uma vez por ano quando ele é jovem, e passe para cada seis meses na fase sênior”, orienta. >
Entre os exames recomendados, estão os de sangue e de imagem, que ajudam a monitorar o funcionamento de órgãos vitais como fígado, rins e coração. “Quanto antes identificamos uma alteração, melhor conseguimos tratar. A chance de sucesso é muito maior”, explica. Além disso, com a disponibilidade de atendimento domiciliar, muitos animais, principalmente os idosos, podem ser acompanhados com mais conforto, sem sair de casa. >
O processo de envelhecimento varia entre cães e gatos e entre as raças. Cachorros de grande porte envelhecem mais rápido e, por isso, precisam começar os check-ups a cada seis meses mais cedo, por volta dos cinco anos. Já os cães de pequeno porte e os gatos podem iniciar o monitoramento semestral a partir dos sete anos. >
Saber reconhecer os sinais naturais da velhice é fundamental para diferenciar o que é próprio do avanço da idade e o que pode indicar doenças. Segundo Leonardo Veiga, alguns indícios normais são os pelos do rosto ficando brancos, a pele mais flácida e um leve cansaço ao andar. Contudo, há comportamentos que não devem ser atribuídos apenas à idade. >
“É um mito achar que o animal velho não brinca. Se ele parou de interagir, de correr, se está dormindo o dia todo, isso não é um sinal de velhice, é um sinal de alerta. Pode indicar dor, alteração articular ou outro problema de saúde. Os pets idosos ainda gostam de brincar, de passear. Só que num ritmo diferente”, esclarece. >
Com o aumento da expectativa de vida, problemas que antes eram raros entre os pets tornaram-se mais frequentes. Entre os mais comuns, estão as doenças endócrinas, como disfunções hormonais, as neoplasias (tumores) e as doenças articulares. “Hoje, é comum atendermos cães com 16, 18 anos e gatos com mais de 20. E quanto mais tempo vivem, maior o risco de desenvolverem doenças relacionadas à idade. Por isso, o acompanhamento regular é essencial”, comenta Leonardo Veiga. >
As doenças articulares merecem atenção especial. Muitas vezes, a dificuldade para andar ou a apatia é atribuída erroneamente à velhice, quando, na verdade, são sintomas de dores nas articulações. “Essas dores podem ser tratadas, aliviadas, e o animal pode voltar a ter qualidade de vida”, afirma. >
Assim como os humanos, os animais idosos também precisam manter-se ativos. A perda de massa muscular é comum com o passar dos anos, mas pode ser minimizada com atividade física orientada. “Caminhadas leves, fisioterapia e até brinquedos interativos ajudam”, recomenda o professor, que completa: “estimular os pets com carinho, brincadeiras e até mudanças sutis no ambiente doméstico, como rampas ou caminhas mais baixas, também contribui para o bem-estar físico e emocional”. >
A principal recomendação que Leonardo Veiga dá aos tutores que querem garantir uma vida longa e saudável ao seu pet é simples, mas poderosa: investir no vínculo com o veterinário. “Escolha um profissional de confiança, com quem você possa conversar e que entenda o histórico do seu animal. Esse acompanhamento contínuo é o segredo para antecipar problemas e manter a qualidade de vida do animal”. >
Cuidar de um pet idoso é um compromisso de amor e responsabilidade. “Com acompanhamento veterinário, carinho, atividade física e atenção aos sinais do corpo, é possível oferecer aos nossos companheiros de quatro patas uma velhice digna e cheia de bem-estar”, conta o professor. >
Abaixo, confira alguns cuidados importantes com animais idosos! >
Pets idosos precisam de consultas regulares — pelo menos a cada seis meses — para detectar precocemente doenças comuns da idade, como problemas renais, cardíacos, articulares e tumores. Nessa fase, exames de sangue, urina e imagem se tornam ainda mais importantes. >
A dieta deve ser adaptada às novas necessidades do organismo. Rações específicas para pets seniores contribuem para manter o peso ideal, preservar as articulações e facilitar a digestão. Em alguns casos, o veterinário pode indicar suplementos nutricionais. >
Artrite e desgaste muscular são comuns na velhice. Tapetes antiderrapantes, caminhas ortopédicas e fácil acesso à comida, água e áreas de descanso fazem diferença no dia a dia. Escadas e pisos escorregadios devem ser evitados. >
Mesmo com menor disposição, os pets precisam se manter ativos. Caminhadas curtas, brincadeiras leves e atividades de estímulo mental ajudam na saúde cognitiva e evitam o tédio e a depressão. Fisioterapia e brinquedos interativos ajudam na mobilidade, na saúde mental e na qualidade de vida. >
Alterações no apetite, sono, humor, locomoção ou comportamento (como isolamento, apatia e dificuldade para andar) podem indicar dor, desconforto ou doença — e não apenas “idade”. Observar e relatar essas mudanças ao veterinário é essencial para um diagnóstico rápido. >
Afeto, paciência e um ambiente tranquilo fazem toda a diferença para o bem-estar dos pets na terceira idade. Uma boa relação com o veterinário também contribui para uma longevidade com mais qualidade de vida. >
Por Genara Rigotti >