Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 16:02
O Comando Militar do Norte (CMN) promoveu, nesta terça-feira (9), o segundo encontro do Fórum Permanente de Segurança e Defesa da Amazônia Oriental. A iniciativa busca fortalecer o diálogo entre instituições militares, academia e sociedade civil, a partir dos desdobramentos da COP 30, realizada em Belém este ano, com foco na Amazônia Oriental.>
O Fórum foi criado para ampliar a cooperação entre órgãos públicos e privados e tem como objetivo consolidar estratégias voltadas à defesa, proteção e desenvolvimento sustentável da região, fortalecendo a presença do Estado, a soberania nacional e a preservação dos recursos naturais e das populações amazônicas.>
A abertura do evento foi realizada pelo Comandante Militar do Norte, General de Exército Vendramin, que destacou a importância da iniciativa para debater temas comuns de segurança e defesa e propor soluções locais, mantendo uma interlocução regular. “Um dos objetivos do Fórum é elevar institucionalmente o nome das universidades da região. Nós, do Exército, percebemos que muitos estudos são de fora da área e entendemos que o conhecimento local das universidades é altamente relevante. Aqui se produz investigação científica sólida e forte. Quem vive o ambiente local tem mais legitimidade e mais vivência para entender a região”, afirmou o general.>
O evento reuniu representantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade do Estado do Pará (UEPA), Universidade da Amazônia (UNAMA), Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), Instituto Evandro Chagas (IEC), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) e Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). Foram dez painéis com temas como a redução de emissões de gases de efeito estufa, insegurança alimentar e acesso à água potável, e inovação em bioeconomia na rota do açaí.>
Povos tradicionais e políticas de segurança e defesa>
No primeiro ciclo de apresentações, Gabriela de Paula Arrifan, professora da UFPA, falou sobre a participação ativa dos povos indígenas e de comunidades tradicionais na proteção dos biomas. “Esses povos têm uma visão diferenciada desse território; eles não têm a mesma lógica que a gente de acúmulo de patrimônio e de uso da terra para finalidades econômicas. Eles têm uma visão em que o território funciona como extensão do ser, do corpo, faz parte dos rituais e da cultura. Os ribeirinhos têm o território, seja floresta ou rio, como um elemento central da vida, de onde sai o sustento. Eles têm uma relação de interconexão. É muito importante que eles estejam participando ativamente de todas as discussões, porque são eles que estão ali”, destacou.>
Outro tema abordado foi o crime transnacional e o financiamento climático, apresentado pelo Professor Murilo Mesquita, da UEPA. “Pensar os crimes transnacionais é pensar como atua o crime organizado transnacional; envolve considerar que exista uma articulação das forças de defesa e de segurança do Estado brasileiro com as instituições que formulam políticas públicas e produzem ciência no ensino superior. Essa produção científica serve para que as instituições do Estado utilizem esse conhecimento de forma a garantir a proteção e o monitoramento da soberania. Entender isso faz com que este Fórum de segurança e defesa, construído aqui no CMN, seja um palco tanto para as Forças Armadas quanto para as instituições públicas pensarem a Amazônia e a proteção do Estado”, afirmou.>
Justiça climática, adaptação e resiliência às mudanças climáticas, impactos das mudanças climáticas na saúde e o papel do novo marco regulatório do licenciamento ambiental também foram assuntos abordados no evento. Outra exposição, realizada pelo General de Divisão Nagy, Chefe do Centro de Coordenação de Operações do CMN, relacionou os temas debatidos com as ações estratégicas do Exército Brasileiro na região.>
Lançamento do Livro Verde>
Na ocasião, o Comandante Militar do Norte também lançou a primeira edição do “Livro Verde”, publicação anual que reúne as principais ações do CMN na defesa e proteção do meio ambiente e na integração com a sociedade. O livro divulga temas como o apoio do Exército a comunidades indígenas e ribeirinhas, soberania e proteção das fronteiras. A publicação pode ser baixada no link.>
Articulação Estratégica para a Amazônia>
Este foi o segundo encontro do Fórum Permanente. O primeiro foi em setembro deste ano. A iniciativa foi concebida a partir do I Seminário de Segurança e Defesa da Amazônia Oriental no contexto da COP 30, também promovido pelo CMN em maio deste ano, com mais de 400 participantes entre autoridades militares e civis, profissionais e estudantes.>
O Fórum foi um desdobramento do Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE) do Comando Militar do Norte, criado em consonância com o Plano Estratégico do Exército Brasileiro. O NEE tem como metas fomentar a pesquisa em Defesa na academia e entre instituições civis e governamentais, contribuir para a disseminação da mentalidade de Defesa e ampliar a integração do Exército com a sociedade.>