Publicado em 18 de novembro de 2025 às 09:57
- Atualizado há 3 horas
O mercado de trabalho paraense fechou o 3º trimestre de 2025 com uma combinação de boas e más notícias. De um lado, o desemprego teve um recuo expressivo de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. De outro, a ocupação avançou puxada principalmente pelo trabalho por conta própria e outras formas de informalidade, enquanto o emprego assalariado perdeu fôlego, o que acende um alerta sobre a qualidade das vagas geradas no Estado.>
O levantamento foi elaborado pelo Observatório do Trabalho no Pará, parceria entre o DIEESE/PA e a Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), do Governo do Estado, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE. O estudo analisa os resultados do 3º trimestre de 2025 (julho a setembro) em comparação com o 2º trimestre deste ano (abril a junho) e com o 3º trimestre de 2024.>
Os dados mostram que o Brasil encerrou o 3º trimestre de 2025 com taxa de desocupação de 5,6%, queda de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 0,8 ponto na comparação com o mesmo período do ano passado. Na Região Norte, o desemprego também recuou, mas segue acima da média nacional: a taxa ficou em 6,2% no 3º trimestre deste ano, contra 6,5% no trimestre anterior e 6,6% no 3º trimestre de 2024.>
No Pará, o movimento foi semelhante. A taxa de desocupação fechou o 3º trimestre em 6,5%, uma redução de 0,5 ponto percentual em relação ao 2º trimestre (6,9%) e também frente ao mesmo período de 2024 (6,9%). Ainda assim, o índice permanece superior ao registrado no país como um todo, indicando que o Estado enfrenta desafios maiores para reduzir o desemprego em comparação com a média nacional.>
Quando se observa o total de pessoas ocupadas, o estudo aponta um leve recuo. No comparativo entre o 3º trimestre de 2025 e o trimestre anterior, houve queda de 0,1% no número de trabalhadores com algum tipo de ocupação, cerca de 3 mil pessoas a menos. Em relação ao 3º trimestre de 2024, a redução foi de 0,3%, o que significa menos 11 mil ocupados. Ao final do 3º trimestre deste ano, o Pará contabilizava 3,791 milhões de pessoas ocupadas no mercado de trabalho.>
O dado mais positivo está no total de pessoas desocupadas (desempregadas) no Estado. De acordo com a PNAD Contínua, o Pará encerrou o 3º trimestre de 2025 com 261 mil pessoas sem trabalho e em busca de uma ocupação. Em relação ao 2º trimestre, isso representa uma queda de 7,3% no número de desempregados, cerca de 21 mil pessoas a menos nessa condição. Na comparação com o 3º trimestre de 2024, a redução foi de 7,0%, o equivalente a 20 mil pessoas que deixaram a desocupação. Apesar da melhora, o DIEESE ressalta que o contingente de desempregados ainda é elevado e segue como um dos principais desafios do mercado de trabalho paraense.>
Ao detalhar o perfil de quem está trabalhando, o estudo mostra mudanças importantes na forma como os paraenses se inserem no mercado. Entre os 3,791 milhões de trabalhadores ocupados no 3º trimestre de 2025, cerca de 2,349 milhões estavam na condição de empregados (no setor privado ou público, com ou sem carteira assinada, incluindo trabalhadores domésticos). Na condição de trabalhador por conta própria (com ou sem CNPJ), eram aproximadamente 1,133 milhão de pessoas. Já os empregadores somavam cerca de 195 mil e os trabalhadores familiares auxiliares, aproximadamente 145 mil pessoas.>
Na comparação com o trimestre anterior, a ocupação cresceu justamente nas modalidades mais ligadas à informalidade. A categoria conta própria ganhou 37 mil trabalhadores, uma alta de 3,4% no período, chegando a 1,133 milhão de pessoas. O trabalho familiar auxiliar também avançou, com 9 mil pessoas a mais, o que representa aumento de 6,8%. Na direção oposta, o emprego assalariado recuou: a condição de empregado perdeu 25 mil postos em relação ao trimestre anterior, uma queda de 1,1%. Na comparação com o 3º trimestre de 2024, são 13 mil empregados a menos no Estado.>
Esse movimento revela um quadro contraditório: por um lado, menos gente está desempregada; por outro, cresce o peso de formas mais frágeis de inserção, com menor proteção social e, em geral, rendimentos menores e mais instáveis. Para o DIEESE/PA, o mercado de trabalho paraense “melhora em quantidade, mas ainda precisa avançar em qualidade”, sobretudo na geração de empregos formais, com carteira assinada e direitos garantidos.>
O estudo lembra que, mesmo com o recuo da desocupação no Pará, na Região Norte e no Brasil, o país ainda convive com mais de 6 milhões de desempregados, além de um contingente muito elevado de trabalhadores na informalidade. A proximidade do fim do ano, com a retomada de atividades sazonais no comércio e nos serviços impulsionadas pela Black Friday, Natal e Ano Novo, pode trazer algum fôlego adicional ao nível de ocupação no último trimestre de 2025.>
Apesar disso, o diagnóstico é de que o desafio é estrutural. Para consolidar um mercado de trabalho mais equilibrado no Pará, o DIEESE/PA aponta a necessidade de ampliar de forma significativa o número de postos de trabalho formal. Sem esse avanço, a tendência é manter um cenário em que mais pessoas conseguem trabalhar, mas em ocupações marcadas pela informalidade, maior vulnerabilidade e baixa proteção social.>