Família acusa PF de matar filho de escrivã durante operação: 'atiraram para matar'

Segundo a tia, nove agentes da PF entraram no apartamento de madrugada. O jovem, assustado, acordou com a movimentação, mas não reagiu

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10:27

Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos
Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos Crédito: Reprodução 

O filho de uma escrivã da Polícia Civil do Pará, Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos, morreu durante uma operação da Polícia Federal (PF) realizada na madrugada de quarta-feira (8) em Belém. Ele foi morto dentro do apartamento onde morava com a mãe, no bairro do Jurunas.

Segundo a PF, a ação fazia parte da Operação Eclesiastes, que investiga uma organização criminosa envolvida em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. O alvo principal seria o namorado da mãe de Marcello, Marcelo Pantoja Rabelo, conhecido como “Marcelo da Sucata”, que acabou preso.

Em nota, a PF afirmou que a morte ocorreu após uma reação durante o cumprimento do mandado. A família, no entanto, contesta essa versão.

Em entrevista ao Portal Roma News, a tia da vítima, muito abalada, afirmou que Marcello não tinha envolvimento com nenhum crime e que a ação policial foi violenta e desproporcional.

“A Polícia Federal assassinou o meu sobrinho. Ele nunca teve passagem pela polícia, nunca se envolveu em nada errado. A mãe dele é escrivã da Polícia Civil, uma mulher íntegra, e agora está destruída”, disse.

Segundo a tia, nove agentes da PF entraram no apartamento de madrugada. O jovem, assustado, acordou com a movimentação, mas não tinha como reagir:

“Eles dizem que ele reagiu, mas como uma pessoa de corpo mediano reagiria contra nove agentes armados? Só uma pessoa não reagiria. Atiraram no peito dele. Foi para matar”, afirmou a tia, emocionada.

A família também questiona o fato de que a Polícia Federal tenha realizado a perícia no local, o que, segundo eles, não garante a imparcialidade necessária.

Marcello era formado em Educação Física e trabalhava como auxiliar administrativo na Polícia Civil. O corpo dele só deve ser liberado para sepultamento após análise de um perito da PF vindo de Brasília. Mas, conforma a tia, a pedido da promotora do MPPA, Ana Maria Magalhães, parente da vítima, que também acompanha os trabalhos, policiais federais aqui de Belém também acompanham a perícia.