Publicado em 26 de junho de 2024 às 09:15
Cerca de 2 mil atendimentos realizados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) para comunidades quilombolas têm proporcionado ações de assistência técnica; conservação e preservação ambiental; resgate e valorização da cultura geração de renda por meio do turismo e do artesanato; fomento à produção para subsistência e acesso a políticas públicas.>
O Pará tem 62 comunidades quilombolas já tituladas, quatro territórios quilombolas parcialmente titulados e outras 59 terras quilombolas não tituladas, totalizando 125 áreas remanescentes de quilombos, segundo informações do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), referentes a 2022.>
De acordo com dados do Núcleo de Estudos e Avaliação (NEA), da Coordenadoria de Planejamento (Cplan) da Emater, a empresa registra um grande volume de atendimentos nos município de Ananindeua, Baião, Irituia, Abaetetuba, São Miguel do Guamá, Moju e Santarém.>
Setenta e sete ações foram realizadas pelo Escritório Local (Esloc) de Ananindeua, na Comunidade Quilombola do Abacatal, onde vivem 180 famílias em 318 hectares. A empresa já implantou diversos projetos e atividades nas áreas social, ambiental e econômica, como o Quintal Produtivo, que consiste na doação de mudas e sementes para o cultivo.>
Quintal Produtivo - A produtora rural Vivia da Conceição Cardoso, 42 anos, da sexta geração da Comunidade do Abacatal, disse que o 'Quintal Produtivo' já gerou resultados. 'Os extensionistas nos proporcionaram muitas mudas de plantas que nós não tínhamos, e ainda ajudaram a melhorar aquilo que nós já tínhamos. A pupunha, por exemplo, que é daqui do território, a Emater potencializou o nosso Quintal Produtivo, e com as atividades realizadas produzimos mais mudas para distribuir às famílias do Abacatal. É uma forma de ocupação produtiva para o nosso território, onde podemos usar para consumo e comercializar. Assim como a pupunha, a gente teve a mesma experiência com o muruci, o açaí e outras frutas', contou.>
Vivia também criação abelha com ferrão. 'Na época da pandemia nós fizemos xarope caseiro para todo o território, mas tivemos que comprar o mel. Isso despertou em mim a vontade de aprender sobre o cultivo da abelha com ferrão. O meu propósito em criar a abelha é usar o mel no xarope que vamos produzir e distribuir, gratuitamente, para a comunidade. Por isso, sou muito grata à Emater por compartilhar conhecimento em nossa comunidade', destacou a produtora.>
No hectare da família de Vivia foi instalada uma Unidade Demonstrativa de Aquaponia, sistema de reuso de água que possibilitou a criação de peixe e o cultivo de hortaliças. O recurso para a UD veio da parceira da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) com a Emater, em um projeto-piloto que consistiu no repasse de verbas para atividades rotineiras na comunidade, beneficiando 15 famílias da Comunidade do Abacatal.>
Recadastramento - Neste ano, a Emater está desenvolvendo no Abacatal o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), para recadastramento das famílias locais. 'Com o recadastramento queremos saber quem está na escola, a produção que cada um tem no seu hectare e o número de crianças, jovens, homens e mulheres.>
'Oficialmente, a Comunidade do Abacatal tem 180 famílias, mas convivendo aqui dentro, fazendo as visitas, percebemos que este número aumentou. A estimativa é que morem aqui 240 famílias. A gente está fazendo este diagnóstico para saber como a comunidade está atualmente. É um trabalho longo, que vai durar o ano inteiro, mas que depois teremos subsídio para virmos com mais fomento para dentro da comunidade, para o que eles estão precisando', explicou a extensionista rural do Esloc de Ananindeua, engenheira florestal Tangrienne Nemer.>
A Comunidade Quilombola do Abacatal também abriga os projetos de Criação de Pequeno e Médios Animais (galinha, peixe e porco); Segurança Alimentar e Nutricional; Horta na Escola; Horta Orgânica Irrigada; Unidade Demonstrativa de Mandioca; Unidade Demonstrativa de Açaí Irrigado; Mandala de Espécies Medicinais; Grupo de Mulheres Saberes do Quilombo, com participação na Feira Itinerante da Emater, e Diagnóstico Rural Participativo (DRP).>
Os produtores ainda são beneficiados pelas elaborações do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), da Declaração do Agricultor Familiar, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR), além da inclusão no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).>
Na visita feita nesta semana pela equipe da Esloc de Ananindeua à comunidade foi entregue um relatório de atividades desenvolvidas pela Emater no Abacatal. Os técnicos da empresa foram recebidos por membros da Associação de Moradores e Produtores Quilombolas de Abacatal (AMPQUA). >
Resultados positivos - Em Santarém, no Oeste do Pará, a Emater realizou 280 atendimentos para nove comunidades quilombolas que estão em processo de regularização no município. O acompanhamento técnico no território visa proporcionar o acesso a políticas públicas para 700 famílias.>
Os atendimentos geram resultados positivos, como na Comunidade Quilombola de Murumurutuba, onde está prevista para este ano a instalação da primeira agroindústria, que vai produzir polpas de frutas - inicialmente açaí, cupuaçu e taperebá.>
A Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) já aprovou a agroindústria 'Delícias do Quilombo', que vai receber certificação. Será mais um empreendimento para promover geração de emprego e renda no meio rural, principalmente em comunidades quilombolas de Santarém.>
'É um momento de muita alegria e gratidão por todo o trabalho realizado. Nós queremos agradecer pelo trabalho da Emater, em especial ao Escritório de Santarém. Seus técnicos sempre estiveram conosco, dando suporte e apoio, e tirando todas dúvidas', informou o presidente da Associação Quilombola de Murumurutuba, Mário Fernando.>
Abertura de mercado - Ele explicou ainda que 'com o registro, vamos iniciar o trabalho de produção e comercialização dos nossos produtos. Isso vai melhorar nossa produção e a qualidade de vida das famílias da Comunidade de Murumurutuba. Isso também irá contribuir para que possamos abrir mercado para muitos produtos que antes se estragavam, e agora nós vamos poder utilizar de forma correta, seguindo todas as orientações para a produção'.>
Há quase um ano, a Emater oferece à comunidade assessoramento técnico, incluindo acompanhamento do diagnóstico das cadeias produtivas; fortalecimento da organização social; busca de investimentos para agroindústrias e relacionamento da produção com o cooperativismo.>
'Estamos muito satisfeitos com essa relação da Emater na construção do projeto com a comunidade. Nós vamos trazer um ganho enorme às comunidades quilombolas e fortalecer, ainda mais, a luta do movimento', frisou o extensionista rural do Escritório de Santarém, Haroldo Alessandro Siqueira, que também é sociólogo e trabalha com povos tradicionais.>
Fonte: Agência Pará>