Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 16:20
A ascensão política de Antônio Doido, eleito deputado federal em 2022 com mais de 126 mil votos e apresentado como fenômeno eleitoral do MDB no Pará, entrou em colapso a partir do segundo semestre de 2024, quando operações da Polícia Federal expuseram um possível esquema de movimentação de grandes quantias de dinheiro em espécie ligado ao seu grupo político.>
O caso ganhou repercussão após a prisão de um policial militar com R$ 5 milhões em espécie em Castanhal, às vésperas do primeiro turno das eleições municipais. Meses depois, em janeiro de 2025, um assessor do parlamentar foi flagrado com R$ 1,1 milhão, além de veículos – um deles blindado –, celulares e documentos. A repetição dos episódios levantou suspeitas de que se tratava de uma engrenagem estruturada para abastecer campanhas e comprar apoio político.>
Diante do volume de recursos e de sua possível relação com o financiamento eleitoral irregular, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o deputado, que possui foro privilegiado. Entre os crimes apontados estão:>
• lavagem de dinheiro,>
• corrupção de agentes públicos,>
• manipulação de contratos financiados com recursos federais,>
• financiamento ilícito de campanhas municipais,>
• e uso de empresas do grupo político para movimentação de valores.>
Segundo investigadores, contratos públicos firmados com prefeituras do Pará teriam sido utilizados para alimentar o ciclo de repasses, saques, transporte e distribuição de recursos. A suspeita é de que os episódios descobertos representam apenas parte das operações. Enquanto o cerco criminal avança, o parlamentar sofreu também um golpe decisivo no âmbito eleitoral. Em dezembro de 2025, a Justiça Eleitoral de Ananindeua declarou Antônio Doido inelegível por oito anos, por abuso de poder político e econômico na campanha municipal de 2024. A sentença considerou que ele usou emendas parlamentares, obras e ações sociais com caráter autopromocional, incluindo shows, sorteios e distribuição de cestas, para turbinar sua imagem em período eleitoral.>
A decisão ressaltou que o uso sistemático e midiático de recursos públicos desequilibrou a disputa, violando os princípios da impessoalidade e moralidade administrativa. Com isso, mesmo sem ter disputado ou vencido o pleito em questão, o deputado foi penalizado e está impedido de concorrer até 2033.>
A combinação entre investigação criminal e condenação eleitoral produziu forte desgaste político. Aliados estratégicos, antes beneficiados pelas redes de influência e distribuição de recursos, passaram a adotar distanciamento público, enquanto adversários buscam ocupar espaços de poder deixados pelo deputado em municípios onde ele exercia forte domínio.>
No momento, Antônio Doido ainda não foi condenado criminalmente, mas enfrenta uma ofensiva judicial que abrange tanto seu núcleo político quanto aliados e familiares, que ameaça transformar seu nome em um dos principais exemplos recentes de queda por escândalos envolvendo abuso de poder e dinheiro público no Pará. O inquérito, baseado nas apreensões que somam R$ 6 milhões, tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O Roma News tenta contato com a defesa do parlamentar.>