Publicado em 26 de setembro de 2025 às 11:05
Conseguir o primeiro emprego é um desafio que vai além da abertura de vagas no Pará. De acordo com levantamento do DIEESE, quase metade dos jovens de 15 a 29 anos no estado está fora do mercado de trabalho.>
A dificuldade, segundo especialistas, não está apenas na inserção, mas no desafio do preparo dos jovens para enfrentar as primeiras etapas de seleção. “Geralmente, os jovens nunca tiveram contato com entrevistas ou experiências profissionais. Muitos não sabem como se portar numa entrevista, nem como montar um currículo. Então, o maior desafio é esse: preparar o estudante para que ele chegue ao mercado mais seguro e confiante”, explica Ana Paula Rodrigues, representante da área de Carreiras da Faci Wyden.>
Iniciativas voltadas à empregabilidade, como as feiras de estágios e empregos realizadas em Belém, têm se consolidado como verdadeiros espaços de preparação. Mais do que conectar jovens e empresas, esses encontros reforçam o papel das instituições de ensino como ponte para o mercado, ao oferecer oportunidades para que os estudantes se conheçam melhor, desenvolvam competências e compreendam de forma prática as exigências do mundo do trabalho.>
Esse impacto é percebido pelos próprios alunos. “Eu já participei de várias ações sociais de atendimento à saúde e acho super importante, principalmente na faculdade. A gente aprende muito na prática antes mesmo de entrar no emprego. Com essas ações eu aprendi a lidar melhor com o público e a falar com mais segurança. Antes eu era bem retraída, mas com a experiência prática consegui desenvolver essa habilidade”, relata Andressa Cardoso, acadêmica do 2º semestre de Enfermagem.>
Ao lado dessas vivências práticas, o estágio se apresenta como uma das experiências mais transformadoras para o jovem. “Me engajo nas oportunidades que a própria instituição proporciona em busca de networking. Já estou no meu terceiro estágio, o primeiro foi voluntário e foi a primeira oportunidade de eu ter contato com a vivência do meu curso, ver o funcionamento de um ambiente jurídico, estar presente em uma audiência, auxiliar a equipe... foi um momento ímpar que pude viver logo no início da minha vida profissional”, conta Yorrana Larissa, acadêmica de Direito.>
Para especialistas, preparar os jovens para as etapas de seleção é tão importante quanto abrir novas vagas. Ao lado da oferta de oportunidades, o investimento em capacitação e orientação profissional é o que pode transformar a busca pelo primeiro emprego em um passo concreto para o futuro. Nesse esforço, os agentes de integração também têm papel central.>
“Trabalhamos com oportunidades de estágio e jovem aprendiz, cuidando de todo o processo, da oferta da vaga até a efetivação no emprego. Em média conseguimos encaminhar 50 jovens por mês para o mercado de trabalho”, afirma Bruna Oliveira, coordenadora de instituições de ensino da Escola Técnica Proativa.>
Ao oferecer oficinas, palestras e simulações de entrevistas, as faculdades funcionam como uma verdadeira ponte entre a sala de aula e o mundo do trabalho, permitindo que o aluno ganhe confiança, construa sua imagem profissional e se conecte às oportunidades. Para os recrutadores, é igualmente a chance de identificar talentos mais preparados e alinhados às exigências do mercado.>
“Nosso maior desafio durante o processo de contratação é o compromisso desse jovem: muitos se inscrevem nas vagas e não aparecem na entrevista. Por isso, orientamos para que acompanhem todo o processo de contratação, independentemente do valor de remuneração da bolsa. É mais do que retorno financeiro, é aprendizado”, comenta Bruna.>
Ana Paula ressalta que a preparação passa por três etapas principais: autoconhecimento, pesquisa sobre a empresa e apresentação visual adequada. “É fundamental que o jovem saiba falar sobre si, suas qualidades e diferenciais. Além disso, precisa conhecer a empresa onde está se candidatando e ter atenção à sua apresentação, seja no currículo ou pessoalmente”, afirma.>
Outro ponto de destaque é a presença digital. Apesar de ser uma geração altamente conectada e engajada nas redes sociais, muitos jovens ainda demonstram resistência em usar o LinkedIn. A plataforma, no entanto, é vista por especialistas como essencial para quem busca uma primeira oportunidade, justamente por ser o espaço onde empresas procuram talentos e avaliam diferenciais além do currículo tradicional. “Por incrível que pareça, a maioria dos estudantes não gosta do LinkedIn, mas ele é uma porta para o mercado. Hoje as empresas querem mais do que está no currículo, elas querem ver o que o candidato faz de diferente, seus cursos, projetos e experiências acadêmicas. Esse é o diferencial que pode abrir portas”, explica Ana Paula Rodrigues.>