Mestre Lourival Igarapé, ícone do carimbó no Pará, morre aos 74 anos em Belém

Cantor, compositor e artesão foi referência na preservação e ensino do carimbó, deixando legado de mais de três décadas dedicadas à música popular do Pará.

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 12:09

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O cantor, compositor e artesão Mestre Lourival Igarapé, um dos grandes nomes da música popular paraense, morreu aos 74 anos na quinta-feira (7), em Belém. Natural de Igarapé-Açu, na comunidade do Caripi, ele estava internado em um hospital no bairro do Umarizal após ser diagnosticado com princípio de infarto e enfrentava sequelas de uma pneumonia contraída em 2024.

Com mais de três décadas dedicadas ao carimbó, Lourival chegou a Belém na década de 1970. A paixão pela música se firmou aos 40 anos, e a composição veio aos 55. Além dos palcos, ele se dedicou ao ensino, criando na década de 1980 uma escolinha de carimbó para crianças em Icoaraci, onde transmitiu saberes e tradições da cultura popular.

Guardião da tradição, o mestre esteve à frente do projeto Rodando com Carimbó, que percorreu cidades do nordeste paraense com apresentações e registros culturais para fortalecer a identidade regional. Em 2024, lançou seu primeiro EP, Queimadas, com repertório autoral e mensagem ambiental, reunindo 32 carimbozeiros de diferentes gerações. No mesmo ano, também apresentou ao público o single Gaiola.

A perda foi sentida por artistas e admiradores da cultura paraense. A produtora cultural e cantora Priscila Cobra, referência no carimbó urbano de Belém, destacou a importância do mestre:

“Ele era um patrimônio vivo, não só do carimbó e não só do Pará. Resistiu com poesia e amor, transmitindo saberes para novas gerações.”

O legado de Mestre Lourival permanece vivo nas composições, nos projetos culturais e nas memórias de quem teve a oportunidade de aprender e celebrar o carimbó ao seu lado.