MP cria força-tarefa para investigar suposta organização criminosa em Ananindeua

Força-tarefa terá 180 dias para apurar suposta organização criminosa ligada à Prefeitura e à Câmara de Ananindeua

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 16:23

Força-tarefa terá 180 dias para apurar suposta organização criminosa ligada à Prefeitura e à Câmara de Ananindeua
Força-tarefa terá 180 dias para apurar suposta organização criminosa ligada à Prefeitura e à Câmara de Ananindeua Crédito: Prefeitura de Ananindeua

O Ministério Público do Pará (MPPA) criou nesta terça-feira (16) a Força-Tarefa Ananindeua, destinada a investigar denúncias de crimes envolvendo uma suposta organização criminosa com ramificações nos Poderes Executivo e Legislativo do município. O grupo atuará, inicialmente, por 180 dias, prazo que pode ser prorrogado.

A criação da força-tarefa foi publicada no Diário Oficial do Estado e assinada pelo procurador-geral de Justiça, Alexandre Marcus Fonseca Tourinho. A medida, segundo ele, se deve à gravidade das denúncias envolvendo crimes contra a administração pública, como corrupção, peculato, fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e outros ilícitos.

De acordo com o MP, a complexidade e a repercussão dos fatos exigem uma atuação especializada e integrada. A equipe poderá requisitar informações, documentos e diligências a órgãos públicos e privados para aprofundar as apurações.

O grupo é formado pelo procurador de Justiça Alexandre Marcus Tourinho, que coordena os trabalhos, e pelos promotores Arnaldo Célio da Costa Azevedo, Hélio Rubens Pinho Pereira e Harrison Henrique da Cunha Bezerra. A atuação também será articulada com outros órgãos, como Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Tribunal de Contas dos Municípios, Receita Federal e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Ao término das investigações, poderão ser apresentadas denúncias criminais, ações civis públicas, medidas cautelares e outras providências legais.

Essa não é a primeira vez que a gestão municipal de Ananindeua se vê sob investigação. Em agosto de 2025, o prefeito Daniel Santos chegou a ser afastado no âmbito da operação Hades, que apura supostas fraudes em processos licitatórios, além de corrupção ativa e passiva. Na ocasião, ele negou as acusações.

Além disso, Daniel Santos enfrenta outras denúncias que levantam suspeitas sobre sua atuação no setor público e privado. Entre elas, a compra de uma fazenda avaliada em R$ 16 milhões em Tomé-Açu, investigada por suposto favorecimento da empreiteira Edifikka, que mantém contratos milionários com a prefeitura.

Outra frente apura desvios de recursos do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado (Iasep), com indícios de fraudes em compras de materiais hospitalares que teriam causado prejuízo de até R$ 261 milhões entre 2018 e 2022. Segundo depoimentos, mesmo após assumir a prefeitura, o gestor teria mantido influência direta sobre o Hospital Santa Maria, beneficiado com recursos públicos.

Na área da saúde, a administração municipal também enfrenta críticas pelo fechamento da maternidade do Hospital Anita Gerosa, que alegou falta de repasses da prefeitura. Como solução, foi prometida a transferência de atendimentos para o Pronto-Socorro Municipal (PSM), inaugurado em 2024, mas que segue fechado desde então.

Mais recentemente, a prefeitura passou a ser investigada por supostas irregularidades na aplicação de recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).

Até o momento, a Prefeitura de Ananindeua e o Ministério Público não se manifestaram sobre as novas investigações. O Portal Roma News  segue aberto para posicionamentos.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor-chefe da tarde).